quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Consumidor poderá evitar surpresas na conta de luz com rede inteligente

Rodrigo Dionisio/Folhapress
 Acervo do Museu da Lâmpada, em São Paulo
Acervo do Museu da Lâmpada, em São Paulo
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Uma revolução está para acontecer no sistema elétrico brasileiro. Na geração, ela será dada por uma participação maior de fontes alternativas. Na distribuição, o "smart grid", ou as redes inteligentes de energia, promete dar robustez a todo o sistema.
Segundo Wilson Ferreira Jr., presidente do grupo CPFL Energia, astecnologias estão prontas para serem implantadas e os consumidores em breve se beneficiarão delas.
No entanto, a queda das tarifas de energia, que dispararam neste ano, não está próxima. A novidade, diz Ferreira Jr. à Folha, é que o consumidorpoderá gerenciar o seu consumo, evitando tomar um susto quando a conta chegar.
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Folha - Um dos grandes focos de investimentos no Brasil são projetos de geração a partir de fontes renováveis. Essa corrida é sustentável?
Wilson Ferreira Jr. - É preciso diferenciar o que são fontes renováveis do que, no Brasil, chamamos de alternativas. Nossa matriz energética sempre comportou um percentual muito grande de hidrelétricas, que, embora sejam renováveis, não ganham o caráter sustentável que o mundo dá às gerações eólica e solar. Por aqui, chamamos de fontes alternativas, para justamente dar esse caráter de menor impacto ambiental.
Existirá um dia em que as pessoas darão preferência a produtos "green energy" (energia verde), o que ajudará o país a explorar o que sempre foi uma marca, sua grande matriz energética sustentável. Sempre tivemos um potencial hidrelétrico muito grande e, agora, temos também potenciais eólico e solar, além da biomassa da cana.
Os investimentos em eólicas dispararam nos últimos anos. Não há limites para isso?
Por enquanto, estamos longe desse limite. No caso das eólicas, o potencial brasileiro é de 350 mil MW (megawatt) e temos apenas 5,9 mil MW em operação. Se juntarmos tudo o que já tem instalado No Brasil –hidrelétricas, termelétricas, eólicas, solares –, soma 130 mil MW. Ou seja, apenas o potencial das eólicas é o triplo de tudo o que já construímos. E isso é só onshore (em terra). Não estamos falando do potencial de parques eólicos no mar.
Outro potencial extraordinário é a geração solar, com capacidade para produzir até 118 mil MW. Temos 35 MW instalados. Estamos muito longe ainda.
O investimento em energia solar ainda engatinha. Por quê?
Porque, diferentemente das eólicas, que já trabalham com eficiência de 50%, a conversão de luz em eletricidade é menor que 20%. O custo dessa fonte ainda é alto. O que desenvolveu as eólicas foram os leilões, preços competitivos, financiamentos facilitados. Somente agora estão fazendo isso com a solar. Esses tipos de fontes alternativas carecem de escala.
Entrar tarde no desenvolvimento dessas fontes não coloca o país abaixo no quesito geração de tecnologia?
Não perdemos o timing da tecnologia. Quando se participa de um leilão e se financia a construção da usina pelo BNDES, o banco exige um conteúdo nacional de 65%. Isso transformou o Brasil em um polo de produção de equipamentos. Já temos tecnologia para atender o mercado nacional e o latino-americano.
Na questão da distribuição de energia, o "smart grid" caminha lentamente. Quando a tecnologia estará disponível?
O "smart grid" é uma revolução em relação ao atendimento ao consumidor, mas talvez haja uma má compreensão do que ele é de fato. Há 20 anos, fui aos EUA avaliar como eles faziam a medição do consumo à distância. Aqui, até hoje, um "leiturista" vai mensalmente à casa do consumidor. Mas na CPFL, em toda sua área de concessão, os clientes da alta tensão (grandes comércios e indústrias) são todos "telemedidos". Não vai mais um leiturista nessa fábrica ou comércio. Fazemos a medição e a fatura vai por e-mail após 1,2 segundo. Já são 700 mil contas enviadas por e-mail.
Mas será essa a revolução do "smart grid"? Enviar contas por e-mail?
O principal desafio do "smart grid" era transitar dados pela rede de distribuição. Instalamos postos repetidores de sinal em uma rede neural. Quando há a interrupção em determinado ponto, nosso sistema reconfigura automaticamente a distribuição de energia.
Esse tipo de tecnologia também permite a avaliação de fraudes ou furtos, diminui significativamente as interrupções do sistema, além de fornecer ao consumidor a capacidade de medir seu consumo de forma informatizada. Nos EUA, como o custo de produção de energia varia constantemente, inclusive durante o dia, o "smart grid" permite ao usuário gerenciar seu consumo, aproveitando momentos de energia mais barata. No Brasil, isso não acontece, mas a complexidade dos nossos sistemas vai aumentar, o que exigirá do consumidor esse gerenciamento.
Quando o sistema ficará disponível para o consumidor se proteger das tarifas?
Agora vamos implantar 2 milhões de medidores para aqueles consumidores que mostraram interesse em fazer essa gestão da energia. A tecnologia já está pronta, só falta aplicá-la. Então esse negócio de projeto piloto, P&D (pesquisa e desenvolvimento), não existe mais nada para fazer. O que era para estudar, já estudamos.
Mas é preciso entender que o sistema brasileiro é composto por duas tarifas e temos responsabilidade apenas sobre uma, sobre a qual a Aneel, em todas as revisões de ciclos tarifários, reviu para baixo [a outra é composta por impostos, encargos e pelo custo da geração]. A única coisa que contribuiu para a modicidade tarifária foi oTRABALHO das distribuidoras.
Hoje, com tarifas tão altas, o setor já está se reequilibrando a ponto delas voltaram a baixar ou as tarifas altas vieram para ficar?
Houve uma confluência de problemas. Foi uma coincidência infeliz a publicação da medida provisória 579, em 2012, e a crise hidrológica. Tínhamos uns seis problemas no sistema e cinco já foram endereçados, como a crise hidrológica. Infelizmente, quem tem que assumir o custo do sistema é quem se beneficia do consumo. O que chamo de realismo tarifário é isso. Enquanto nossa geração está mais cara, o consumidor paga mais caro. Entre 2013 e 2014, o Tesouro Nacional poupou esse consumidor de um custo próximo de R$ 30 bilhões. Não à toa, o consumo este ano diminuiu quando o usuário começou a pagá-lo. Hesitou-se em colocar o realismo tarifário, mas por causa dele, não haverá racionamento, pois todos se viram responsáveis.
O realismo blinda o setor?
Sim, mas blinda os consumidores também. O realismo exige que os consumidores e as empresas do setor sejam mais eficientes.
RAIO-X
WILSON FERREIRA JR
Formação Graduado em Engenharia elétrica e administração pela Universidade Mackenzie
CARREIRA Presidente da CPFL e presidente do Conselho da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) 
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segunda-feira, 24 de agosto de 2015



A chamada reforma administrativa era uma das principais reivindicações de setores da oposição e de partidos da base governista. Atualmente, existem 39 órgãos com status de ministério. Segundo o governo, a administração federal tem 22 mil cargos comissionados. Um projeto de lei tramita na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer reduzir o número de ministérios para 20.
Segundo Barbosa, os ministérios que serão cortados ainda não foram definidos. "O governo já fez o mapeamento. Há várias propostas seja por parte do governo, por parte do Congresso e essa iniciativa, para ser bem construída, precisa ser feita dentro de um debate", disse Barbosa.
O ministro anunciou um total de 5 diretrizes para melhorar a eficiência do governo, sendo a primeira delas o corte de ministérios. As outras são: redução do número de secretarias dentro de ministérios, redução no número de cargos comissionados, continuação do programa de redução das despesas com custeio (racionalizar gastos com serviços de limpeza, manutenção e transporte) e melhoria da gestão do patrimônio da União (imóveis do Estado serão colocados à venda).
Segundo o ministro, não há metas preestabelecidas para a redução de cargos comissionados. Segundo ele, cada ministério deverá elaborar um planejamento para a diminuição desse tipo.
"A principal economia desse caso é o aumento de produtividade. Com a melhoria de gestão, diminuição da superposição, com o melhor funcionamento da máquina pública você vai aumentar a produtividade. A gente espera aumentar a produtividade substancialmente no governo porque é uma área que tem potencial para aumentar bastante a produtividade. Assim como entendemos que é vital o aumento da produtividade no setor privado para a sustentar o crescimento, também é vital e mais crucial ainda aumentar a produtividade dentro do governo", disse Barbosa.
O governo estabeleceu um prazo até 30 de setembro para que as propostas sejam agrupadas e estudadas. Segundo o ministro, as iniciativas exigem procedimentos distintos, como a apresentação de projetos de lei, decretos e portarias.

Saída de Temer


Participaram do encontro, além de Barbosa, o vice-presidente e os ministros da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo; da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva; da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha; das Cidades, Gilberto Kassab; da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto; e das Comunicações, Ricardo Berzoini.
Kassab, que participou da entrevista coletiva ao lado de Barbosa, afirmou mesmo com a eventual saída do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), da articulação política do governo, as medidas da reforma administrativa não deverão sofrer resistência junto ao Congresso Nacional.
"Não acredito que haverá problemas porque essa pauta é da sociedade e além de ser uma pauta da sociedade, é uma pauta do Congresso. Haverá muitas convergências. Haverá muita unidade na discussão dessa importante questão", afirmou Kassab.
Sobre a eventual saída de Temer da articulação política, o ministro Nelson Barbosa afirmou que o tema não foi discutido na reunião desta segunda-feira, mas disse acreditar que Temer continuará a apoiar o governo. "Tenho certeza de que, qualquer que seja o cargo que ele ache melhor que ele possa desempenhar, [Michel Temer] vai continuar sendo um importante agente de apoio", disse Barbosa. 

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Conheça os ministros do 2º mandato do governo de Dilma Rousseff43 fotos

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MANGABEIRA UNGER - O professor tomou posse como ministro de Assuntos Estratégicos e substituiu o chefe da pasta, Marcelo Neri. Unger já comandou a pasta, entre 2007 e 2009, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Unger, 67 anos, é formado em Direito e foi professor na Universidade de Havard. Um de seus alunos foi o atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama Leia mais Divulgação
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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Aloysio Nunes chama manifestantes de "vagabundos"

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) chamou de "vagabundos" manifestantes ligados à Federação Única dos Petroleiros. O grupo fazia um protesto no aeroporto de Brasília nesta terça-feira, 4, contra a aprovação do projeto de lei que altera a participação da Petrobras na exploração do pré-sal, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP).
Os petroleiros cercaram Aloysio logo após ele desembarcar na capital federal e começaram a gritar palavras de ordem como "entreguista" e a usar buzinas para fazer barulho. No vídeo postado no Facebook pela Federação, não é possível ouvir o senador tucano chamando os manifestantes de "vagabundos", mas ele registrou o episódio em sua página na rede social. "O que faziam esses pretensos petroleiros que não estavam trabalhando? Ao que eu saiba, em Brasília não há grandes instalações da Petrobras. O que eu disse foi o seguinte: ''''Vão trabalhar, vagabundos!''''", escreveu.

O projeto de Serra acaba com a obrigatoriedade de a Petrobras atuar com participação mínima de 30% nas operações dos campos do pré-sal. O assunto tem gerado polêmica, e a previsão é que fosse instalada nesta terça-feira uma comissão especial para analisar a proposta. Por falta de quórum, porém, o colegiado deve ser oficializado somente na quarta-feira.Aloysio acusou o grupo de ser ligado ao PT e chamou os manifestantes de "fascistoides", que agridem "aqueles que não concordam com seus pontos de vista".



coisa de Brasil quem é vagabundo não quer ser

Aloysio Nunes chama manifestantes de "vagabundos"

O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) chamou de "vagabundos" manifestantes ligados à Federação Única dos Petroleiros. O grupo fazia um protesto no aeroporto de Brasília nesta terça-feira, 4, contra a aprovação do projeto de lei que altera a participação da Petrobras na exploração do pré-sal, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP).
Os petroleiros cercaram Aloysio logo após ele desembarcar na capital federal e começaram a gritar palavras de ordem como "entreguista" e a usar buzinas para fazer barulho. No vídeo postado no Facebook pela Federação, não é possível ouvir o senador tucano chamando os manifestantes de "vagabundos", mas ele registrou o episódio em sua página na rede social. "O que faziam esses pretensos petroleiros que não estavam trabalhando? Ao que eu saiba, em Brasília não há grandes instalações da Petrobras. O que eu disse foi o seguinte: ''''Vão trabalhar, vagabundos!''''", escreveu.

O projeto de Serra acaba com a obrigatoriedade de a Petrobras atuar com participação mínima de 30% nas operações dos campos do pré-sal. O assunto tem gerado polêmica, e a previsão é que fosse instalada nesta terça-feira uma comissão especial para analisar a proposta. Por falta de quórum, porém, o colegiado deve ser oficializado somente na quarta-feira.Aloysio acusou o grupo de ser ligado ao PT e chamou os manifestantes de "fascistoides", que agridem "aqueles que não concordam com seus pontos de vista".



sábado, 1 de agosto de 2015

uando o Chevrolet Captiva foi apresentado no Brasil, em agosto, ele trouxe como grande trunfo o preço: 92 990 reais. Mas, se alguém achou esse preço atraente, é porque ainda não viu quanto ele custa no México, seu país de origem. Lá é vendido pelo equivalente a 48 800 reais – e, com uma renda per capita cerca de 20% maior que a do brasileiro, esse valor pesa ainda menos no bolso dos mexicanos. Fica a pergunta: por que ele custa tanto no Brasil? Como há um acordo entre Brasil e México, nesse caso nem há imposto de importação. As montadoras brasileiras culpam a carga tributária pelo preço do veículo vendido aqui – que está entre os mais altos do mundo. Os impostos chegam a 36,4% do valor do carro (somados IPI, ICMS, PIS e Cofins). A briga entre governo e indústria é histórica. O problema é que o consumidor é quem paga a conta.
Contudo há outros ingredientes que influenciam nesse preço. As fábricas não confirmam, mas uma das razões seria a margem de lucro. As subsidiárias brasileiras têm sido responsáveis por remessas expressivas de dólares para as matrizes nos últimos anos, ainda mais com o mercado tão desacelerado lá fora e tão aquecido aqui dentro – em 2008, a alta na venda de veículos no Brasil deve ser de 24%. Uma lei de mercado, porém, diz que, quanto maior a produção, maior a economia de escala. Não é o que se vê na prática.
Mauro Zilbovicius, professor de custos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, é categórico: “A carga tributária é uma parte do custo. No caso do Brasil, o mercado está em crescimento e os preços não recuaram, apesar do ganho de escala. Ao contrário, subiram bastante”. Na avaliação de Letícia Costa, vice-presidente da consultoria Booz Allen, os preços de commodities, como aço e resina, tiveram alta acentuada, fenômeno observado no mundo todo. “Esses aumentos refletiram no preço dos carros”, diz.
Ainda que a matéria-prima tenha subido, o que ela representa no custo não justifica aumentos expressivos. O aço, que nos últimos cinco anos subiu 60%, representa em torno de 10% do valor de venda de um VWGOL e só 6,49% do de um Chevrolet Astra. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em setembro de 2003 o C3 Exclusive 1.6 novo custava 31 300 reais. Em 2008, foi para 49 600 reais. A alta foi de 58,7%, mas a inflação no período foi bem menor, segundo a Fipe: só 28,31%. De acordo com Zilbovicius, se os impostos são responsáveis pelo valor do carro, as montadoras também são. “Muitas delas, como Ford, Fiat e GM, enfrentaram dificuldades no mundo e se seguraram em parte graças aos resultados obtidos no Brasil.” Um exemplo: a GM teve prejuízo global de 38,7 bilhões de dólares em 2007. Enquanto isso, o Brasil respondeu por um terço do crescimento mundial das vendas da marca.

Escala monstruosa
Há casos em que, mesmo com o imposto de importação integral, alguns modelos estrangeiros conseguem chegar ao país com mais acessórios e preço mais atraente que os nacionais equivalentes. É o caso do Kia Picanto, que paga 35% ao desembarcar no Brasil – mais os impostos pagos pela indústria. Mesmo assim, ele custa 35 900 reais e traz de série ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, rodas de liga leve e CD player com MP3, itens que são opcionais na maioria dos nacionais. David Wong, vice-presidente da Kaiser Associates, explica por que esse preço é tão competitivo, apesar de importado da Coréia: “A fábrica que faz o Picanto produz de 1 milhão a 1,5 milhão de veículos desse modelo por ano. A escala é monstruosa. Por aqui, a produção anual de umGOL é de cerca de 400 000 unidades”.
Para o presidente da Abeiva (associação das importadoras), Jörg Henning Dornbusch, a indústria automobilística brasileira tem como vender seus carros por preços mais baixos: “Com o aumento da escala por conta das vendas em alta, deveria haver uma redução no custo de produção, e não é o que se vê”.
Quando há acordos entre o Brasil e parceiros como México, Argentina e Chile, o imposto de importação é zero e, em muitos casos, as subsidiárias até reduzem ainda mais suas margens na venda de uma unidade para a outra. É o que ocorre, por exemplo, entre as filiais brasileira e argentina da Renault. Aqui o Logan 1.6 8V custa 37 550 reais. Na Argentina, que importa esse mesmo carro do Brasil, ele é vendido pelo equivalente a 25 500 reais. Sem a carga tributária, o Logan vendido aqui custa 26 585, mas na Argentina ele vale 20 017 reais, mesmo incluindo o custo de frete até o país vizinho. E o que explica essa diferença de 6 500 reais, depois de descontados os impostos?
Para o presidente de uma importadora, que prefere não se identificar, os veículos nacionais não baixaram de preço quando comparados a outros países porque as montadoras, que trabalham com margens entre 9% e 11%, estão praticando o percentual máximo. O presidente da Anfavea (associação das montadoras), Jackson Schneider, prefere não entrar em detalhes sobre a rentabilidade do setor. “Quando se fala de preço e margem, cada montadora cuida da sua casa.” Mas Schneider concorda que o Brasil se tornou atraente para as matrizes, daí o volume tão grande de recursos esperados para os próximos anos.
Entre 2008 e 2011, estão previstos 23 bilhões de dólares em projetos de expansão ou construção de fábricas. O motivo, para alguns, não seria a alta rentabilidade, mas sim o espaço que ainda há para crescer por aqui. “Esses investimentos foram programados segundo a perspectiva de crescimento do mercado interno, ou seja, baseiam-se no futuro”, diz Dario Gaspar, vice-presidente da consultoria A.T. Kearney.
Paulo Cardamone, vice-presidente da consultoria CSM, afirma que uma boa fonte de lucro das montadoras brasileiras são os chamados “conteúdos”, ou opcionais, como ar-condicionado, freio ABS e airbag. “É aí que a indústria cobra caro. Como o volume é baixo para produzir esses itens, o conteúdo, que no mundo é standard, por aqui é opcional e custa muito”, afirma. Cardamone defende a redução gradual de impostos para que se chegue à metade do atual valor dentro de seis anos. “Assim, as empresas vão poder diminuir os preços e aumentar a produção.”