segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Em defesa no impeachment, Dilma critica uso "ideológico" de delação premiada

Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
  • Ueslei Marcelino/Reuters
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa no plenário do Senado
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa no plenário do Senado
Dilma fez uma crítica nesta sexta-feira (29) à suposta utilização de mecanismos de combate à corrupção como o a lei da delação premiada, enviada ao Congresso Nacional durante o seu governo, como instrumento de perseguição política.
"O fato de eu ter enviado esta lei não autoriza a utilização do combate à corrupção como instrumento político neste país. Há um sepulcro caiado, um sepulcro caiado, como dizia a Bíblia, que transforma alguns em investigados, outros são denunciados e nunca mais investigados. O que não é possível não é a lei, é o uso indevido político e ideológico dessa lei. Se nós queremos respeito e sustentabilidade de uma lei, nós devemos fazer por onde", afirmou.
A declaração foi feita durante seu depoimento na sessão do julgamento do processo de impeachment que tramita contra ela no Senado no momento em que ela respondia a questionamentos feitos pelo senador Eduardo Amorim (PSC-SE). Ela mencionou que durante seus governos e os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tanto a Polícia Federal quanto o MPF (Ministério Público Federal) tiveram autonomia para investigar casos de corrupção. "Nós respeitamos a autonomia do MP indicando o primeiro da lista. Não nomeamos nenhum engavetador de processos. Demos condições para que a PF não utilizasse a sua estrutura para perseguir quem quer que seja", afirmou, em crítica velada ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Desde 2014, integrantes de diversos partidos, entre eles o PT, PMDB, PP e PSDB, têm sido alvo de investigações conduzidas pelo MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da Operação Lava Jato. As investigações indicam que partidos e políticos se beneficiavam de um esquema de cobrança de propina para financiar campanhas eleitorais pagas por empreiteiras que mantinham contratos com empresas estatais como a Petrobras e Eletrobras. Delações premiadas como a da empreiteira Andrade Gutierrez têm atingido a campanha de Dilma em 2014.
Dilma fez um discurso de quase 50 minutos na manhã desta segunda-feira, em que se disse injustiçada e chamou o processo de impeachment de "golpe". Em seguida, ela responde a perguntas de senadores. Pelo menos 49 senadores se inscreveram para fazer questionamentos à presidente.

VEJA ALGUNS DOS PRINCIPAIS TRECHOS DO DISCURSO DE DILMA NO SENADO


Em defesa no impeachment, Dilma critica uso "ideológico" de delação premiada


Leandro Prazeres
Do UOL, em Brasília
  • Ueslei Marcelino/Reuters
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa no plenário do Senado
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa no plenário do Senado
Dilma fez uma crítica nesta sexta-feira (29) à suposta utilização de mecanismos de combate à corrupção como o a lei da delação premiada, enviada ao Congresso Nacional durante o seu governo, como instrumento de perseguição política.
"O fato de eu ter enviado esta lei não autoriza a utilização do combate à corrupção como instrumento político neste país. Há um sepulcro caiado, um sepulcro caiado, como dizia a Bíblia, que transforma alguns em investigados, outros são denunciados e nunca mais investigados. O que não é possível não é a lei, é o uso indevido político e ideológico dessa lei. Se nós queremos respeito e sustentabilidade de uma lei, nós devemos fazer por onde", afirmou.
A declaração foi feita durante seu depoimento na sessão do julgamento do processo de impeachment que tramita contra ela no Senado no momento em que ela respondia a questionamentos feitos pelo senador Eduardo Amorim (PSC-SE). Ela mencionou que durante seus governos e os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tanto a Polícia Federal quanto o MPF (Ministério Público Federal) tiveram autonomia para investigar casos de corrupção. "Nós respeitamos a autonomia do MP indicando o primeiro da lista. Não nomeamos nenhum engavetador de processos. Demos condições para que a PF não utilizasse a sua estrutura para perseguir quem quer que seja", afirmou, em crítica velada ao governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Desde 2014, integrantes de diversos partidos, entre eles o PT, PMDB, PP e PSDB, têm sido alvo de investigações conduzidas pelo MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da Operação Lava Jato. As investigações indicam que partidos e políticos se beneficiavam de um esquema de cobrança de propina para financiar campanhas eleitorais pagas por empreiteiras que mantinham contratos com empresas estatais como a Petrobras e Eletrobras. Delações premiadas como a da empreiteira Andrade Gutierrez têm atingido a campanha de Dilma em 2014.
Dilma fez um discurso de quase 50 minutos na manhã desta segunda-feira, em que se disse injustiçada e chamou o processo de impeachment de "golpe". Em seguida, ela responde a perguntas de senadores. Pelo menos 49 senadores se inscreveram para fazer questionamentos à presidente.

VEJA ALGUNS DOS PRINCIPAIS TRECHOS DO DISCURSO DE DILMA NO SENADO

domingo, 21 de agosto de 2016

Corpos hídricos do Grande ABC recebem 66,5% do esgoto coletado

Denis Maciel/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
As águas de rios, córregos e da Represa Billings, na região, que deveriam ser cheias de vida, estão tomadas pelo esgoto, que as sufocam diariamente. Relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com dados de 2015, aponta que, no ano passado, as sete cidades lançaram 97,3 toneladas de dejetos nos corpos hídricos. O volume corresponde a 66,5% do total de resíduos coletados pelas empresas de saneamento no Grande ABC (146,1 toneladas) e é 6,14% menor do que o observado em 2014, quando eram descartadas 103,7 toneladas.
São Bernardo, que coleta 89% do esgoto produzido na cidade e trata 29%, lançou no Ribeirão dos Meninos e na Represa Billings carga poluidora remanescente de 33,1 toneladas por dia. Em Santo André, onde a coleta é de 98% e o tratamento de 40%, 24,3 toneladas por dia foram para o Rio Tamanduateí e a Represa Billings. Já o Rio Guaió recebeu de Mauá – cuja coleta é de 88% e o tratamento 31,7% – 17,7 toneladas de dejetos por dia.
Diadema lançou na Represa Billings 17 toneladas de esgoto diariamente no ano passado. Lá, a coleta é de 90% e o tratamento de 27%. Ribeirão Pires, com índice de 79% de coleta e 70% de tratamento, despejou no rio homônimo 3,1 toneladas por dia.
A Represa Billings recebeu mais 1,3 tonelada por dia de resíduos não tratados de Rio Grande da Serra, que tem coleta de 60% dos esgotos, tratando 85%. Até mesmo São Caetano, que coleta e trata 100% do esgoto produzido, despejou remanescente de 597 quilos por dia no Rio Tamanduateí em 2015.
Para o professor da Universidade Metodista e especialista em Gestão Ambiental e Saneamento, Carlos Henrique Oliveira, os dados denotam a poluição das áreas de proteção dos mananciais – que se caracterizam como área produtora de água. “Seria como sujar nossa própria caixa d’água. Os investimentos públicos em saneamento deveriam ser priorizados, aplicados em áreas ocupadas por população de renda mais baixa, garantindo-se resultados positivos para todos.”
A especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes define a situação como absurda. “A gente tem o afastamento e a coleta do esgoto, mas não o tratamento. Se considerarmos que estamos em uma região onde temos condição financeira muito melhor do que outras regiões do Estado, é uma vergonha lançar toda essa carga de esgoto nos nossos rios.”
Na prática, considerando que apenas São Caetano, entre as sete cidades, coleta 100% do esgoto produzido pela população, o volume de dejetos despejados diariamente nos corpos hídricos da região é ainda maior do que as 97,3 toneladas descartadas pelo sistema de saneamento das empresas que operam no Grande ABC.
Levantamento feito pelo Diário em setembro de 2015 aponta que 8,7% dos moradores das sete cidades ainda não são beneficiados com saneamento básico, o correspondente a 235,2 mil pessoas.

Concessionárias destacam atenção para ampliar serviços de saneamento

Nas cidades onde opera (Diadema, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) declarou que tem implantado várias ações para preservar as áreas de mananciais da Billings.
Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que 96% da área urbana já conta com coleta e 45% são tratados. A meta é chegar aos 100% em 2022.
A Odebrecht Ambiental, responsável pelo serviço em Mauá, afirmou que o volume atual tratado representa 50% do esgoto coletado e “continuará a crescer gradativamente”.
Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) esclareceu que a ETE ABC, onde seu esgoto é tratado, a eficiência fica em 93%. “As análises após o tratamento indicam carga poluidora correspondente à 597 kg DBO/dia. Depois do esgoto tratado, a água encaminhada aos corpos hídricos não é potável, mas está em condições de ser devolvida à natu


Corpos hídricos do Grande ABC recebem 66,5% do esgoto coletado

Denis Maciel/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
As águas de rios, córregos e da Represa Billings, na região, que deveriam ser cheias de vida, estão tomadas pelo esgoto, que as sufocam diariamente. Relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com dados de 2015, aponta que, no ano passado, as sete cidades lançaram 97,3 toneladas de dejetos nos corpos hídricos. O volume corresponde a 66,5% do total de resíduos coletados pelas empresas de saneamento no Grande ABC (146,1 toneladas) e é 6,14% menor do que o observado em 2014, quando eram descartadas 103,7 toneladas.
São Bernardo, que coleta 89% do esgoto produzido na cidade e trata 29%, lançou no Ribeirão dos Meninos e na Represa Billings carga poluidora remanescente de 33,1 toneladas por dia. Em Santo André, onde a coleta é de 98% e o tratamento de 40%, 24,3 toneladas por dia foram para o Rio Tamanduateí e a Represa Billings. Já o Rio Guaió recebeu de Mauá – cuja coleta é de 88% e o tratamento 31,7% – 17,7 toneladas de dejetos por dia.
Diadema lançou na Represa Billings 17 toneladas de esgoto diariamente no ano passado. Lá, a coleta é de 90% e o tratamento de 27%. Ribeirão Pires, com índice de 79% de coleta e 70% de tratamento, despejou no rio homônimo 3,1 toneladas por dia.
A Represa Billings recebeu mais 1,3 tonelada por dia de resíduos não tratados de Rio Grande da Serra, que tem coleta de 60% dos esgotos, tratando 85%. Até mesmo São Caetano, que coleta e trata 100% do esgoto produzido, despejou remanescente de 597 quilos por dia no Rio Tamanduateí em 2015.
Para o professor da Universidade Metodista e especialista em Gestão Ambiental e Saneamento, Carlos Henrique Oliveira, os dados denotam a poluição das áreas de proteção dos mananciais – que se caracterizam como área produtora de água. “Seria como sujar nossa própria caixa d’água. Os investimentos públicos em saneamento deveriam ser priorizados, aplicados em áreas ocupadas por população de renda mais baixa, garantindo-se resultados positivos para todos.”
A especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes define a situação como absurda. “A gente tem o afastamento e a coleta do esgoto, mas não o tratamento. Se considerarmos que estamos em uma região onde temos condição financeira muito melhor do que outras regiões do Estado, é uma vergonha lançar toda essa carga de esgoto nos nossos rios.”
Na prática, considerando que apenas São Caetano, entre as sete cidades, coleta 100% do esgoto produzido pela população, o volume de dejetos despejados diariamente nos corpos hídricos da região é ainda maior do que as 97,3 toneladas descartadas pelo sistema de saneamento das empresas que operam no Grande ABC.
Levantamento feito pelo Diário em setembro de 2015 aponta que 8,7% dos moradores das sete cidades ainda não são beneficiados com saneamento básico, o correspondente a 235,2 mil pessoas.

Concessionárias destacam atenção para ampliar serviços de saneamento

Nas cidades onde opera (Diadema, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) declarou que tem implantado várias ações para preservar as áreas de mananciais da Billings.
Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que 96% da área urbana já conta com coleta e 45% são tratados. A meta é chegar aos 100% em 2022.
A Odebrecht Ambiental, responsável pelo serviço em Mauá, afirmou que o volume atual tratado representa 50% do esgoto coletado e “continuará a crescer gradativamente”.
Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) esclareceu que a ETE ABC, onde seu esgoto é tratado, a eficiência fica em 93%. “As análises após o tratamento indicam carga poluidora correspondente à 597 kg DBO/dia. Depois do esgoto tratado, a água encaminhada aos corpos hídricos não é potável, mas está em condições de ser devolvida à natu



Corpos hídricos do Grande ABC recebem 66,5% do esgoto coletado
As águas de rios, córregos e da Represa Billings, na região, que deveriam ser cheias de vida, estão tomadas pelo esgoto, que as sufocam diariamente. Relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com dados de 2015, aponta que, no ano passado, as sete cidades lançaram 97,3 toneladas de dejetos nos corpos hídricos. O volume corresponde a 66,5% do total de resíduos coletados pelas empresas de saneamento no Grande ABC (146,1 toneladas) e é 6,14% menor do que o observado em 2014, quando eram descartadas 103,7 toneladas.
São Bernardo, que coleta 89% do esgoto produzido na cidade e trata 29%, lançou no Ribeirão dos Meninos e na Represa Billings carga poluidora remanescente de 33,1 toneladas por dia. Em Santo André, onde a coleta é de 98% e o tratamento de 40%, 24,3 toneladas por dia foram para o Rio Tamanduateí e a Represa Billings. Já o Rio Guaió recebeu de Mauá – cuja coleta é de 88% e o tratamento 31,7% – 17,7 toneladas de dejetos por dia.
Diadema lançou na Represa Billings 17 toneladas de esgoto diariamente no ano passado. Lá, a coleta é de 90% e o tratamento de 27%. Ribeirão Pires, com índice de 79% de coleta e 70% de tratamento, despejou no rio homônimo 3,1 toneladas por dia.
A Represa Billings recebeu mais 1,3 tonelada por dia de resíduos não tratados de Rio Grande da Serra, que tem coleta de 60% dos esgotos, tratando 85%. Até mesmo São Caetano, que coleta e trata 100% do esgoto produzido, despejou remanescente de 597 quilos por dia no Rio Tamanduateí em 2015.
Para o professor da Universidade Metodista e especialista em Gestão Ambiental e Saneamento, Carlos Henrique Oliveira, os dados denotam a poluição das áreas de proteção dos mananciais – que se caracterizam como área produtora de água. “Seria como sujar nossa própria caixa d’água. Os investimentos públicos em saneamento deveriam ser priorizados, aplicados em áreas ocupadas por população de renda mais baixa, garantindo-se resultados positivos para todos.”
A especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes define a situação como absurda. “A gente tem o afastamento e a coleta do esgoto, mas não o tratamento. Se considerarmos que estamos em uma região onde temos condição financeira muito melhor do que outras regiões do Estado, é uma vergonha lançar toda essa carga de esgoto nos nossos rios.”
Na prática, considerando que apenas São Caetano, entre as sete cidades, coleta 100% do esgoto produzido pela população, o volume de dejetos despejados diariamente nos corpos hídricos da região é ainda maior do que as 97,3 toneladas descartadas pelo sistema de saneamento das empresas que operam no Grande ABC.
Levantamento feito pelo Diário em setembro de 2015 aponta que 8,7% dos moradores das sete cidades ainda não são beneficiados com saneamento básico, o correspondente a 235,2 mil pessoas.

Concessionárias destacam atenção para ampliar serviços de saneamento

Nas cidades onde opera (Diadema, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) declarou que tem implantado várias ações para preservar as áreas de mananciais da Billings.
Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que 96% da área urbana já conta com coleta e 45% são tratados. A meta é chegar aos 100% em 2022.
A Odebrecht Ambiental, responsável pelo serviço em Mauá, afirmou que o volume atual tratado representa 50% do esgoto coletado e “continuará a crescer gradativamente”.
Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) esclareceu que a ETE ABC, onde seu esgoto é tratado, a eficiência fica em 93%. “As análises após o tratamento indicam carga poluidora correspondente à 597 kg DBO/dia. Depois do esgoto tratado, a água encaminhada aos corpos hídricos não é potável, mas está em condições de ser devolvida à natu