domingo, 21 de agosto de 2016

Corpos hídricos do Grande ABC recebem 66,5% do esgoto coletado
As águas de rios, córregos e da Represa Billings, na região, que deveriam ser cheias de vida, estão tomadas pelo esgoto, que as sufocam diariamente. Relatório da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), com dados de 2015, aponta que, no ano passado, as sete cidades lançaram 97,3 toneladas de dejetos nos corpos hídricos. O volume corresponde a 66,5% do total de resíduos coletados pelas empresas de saneamento no Grande ABC (146,1 toneladas) e é 6,14% menor do que o observado em 2014, quando eram descartadas 103,7 toneladas.
São Bernardo, que coleta 89% do esgoto produzido na cidade e trata 29%, lançou no Ribeirão dos Meninos e na Represa Billings carga poluidora remanescente de 33,1 toneladas por dia. Em Santo André, onde a coleta é de 98% e o tratamento de 40%, 24,3 toneladas por dia foram para o Rio Tamanduateí e a Represa Billings. Já o Rio Guaió recebeu de Mauá – cuja coleta é de 88% e o tratamento 31,7% – 17,7 toneladas de dejetos por dia.
Diadema lançou na Represa Billings 17 toneladas de esgoto diariamente no ano passado. Lá, a coleta é de 90% e o tratamento de 27%. Ribeirão Pires, com índice de 79% de coleta e 70% de tratamento, despejou no rio homônimo 3,1 toneladas por dia.
A Represa Billings recebeu mais 1,3 tonelada por dia de resíduos não tratados de Rio Grande da Serra, que tem coleta de 60% dos esgotos, tratando 85%. Até mesmo São Caetano, que coleta e trata 100% do esgoto produzido, despejou remanescente de 597 quilos por dia no Rio Tamanduateí em 2015.
Para o professor da Universidade Metodista e especialista em Gestão Ambiental e Saneamento, Carlos Henrique Oliveira, os dados denotam a poluição das áreas de proteção dos mananciais – que se caracterizam como área produtora de água. “Seria como sujar nossa própria caixa d’água. Os investimentos públicos em saneamento deveriam ser priorizados, aplicados em áreas ocupadas por população de renda mais baixa, garantindo-se resultados positivos para todos.”
A especialista em recursos hídricos e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes define a situação como absurda. “A gente tem o afastamento e a coleta do esgoto, mas não o tratamento. Se considerarmos que estamos em uma região onde temos condição financeira muito melhor do que outras regiões do Estado, é uma vergonha lançar toda essa carga de esgoto nos nossos rios.”
Na prática, considerando que apenas São Caetano, entre as sete cidades, coleta 100% do esgoto produzido pela população, o volume de dejetos despejados diariamente nos corpos hídricos da região é ainda maior do que as 97,3 toneladas descartadas pelo sistema de saneamento das empresas que operam no Grande ABC.
Levantamento feito pelo Diário em setembro de 2015 aponta que 8,7% dos moradores das sete cidades ainda não são beneficiados com saneamento básico, o correspondente a 235,2 mil pessoas.

Concessionárias destacam atenção para ampliar serviços de saneamento

Nas cidades onde opera (Diadema, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) declarou que tem implantado várias ações para preservar as áreas de mananciais da Billings.
Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que 96% da área urbana já conta com coleta e 45% são tratados. A meta é chegar aos 100% em 2022.
A Odebrecht Ambiental, responsável pelo serviço em Mauá, afirmou que o volume atual tratado representa 50% do esgoto coletado e “continuará a crescer gradativamente”.
Em São Caetano, o DAE (Departamento de Água e Esgoto) esclareceu que a ETE ABC, onde seu esgoto é tratado, a eficiência fica em 93%. “As análises após o tratamento indicam carga poluidora correspondente à 597 kg DBO/dia. Depois do esgoto tratado, a água encaminhada aos corpos hídricos não é potável, mas está em condições de ser devolvida à natu


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