Ministro chama de "praça de guerra" episódio em Pinheirinho
Atualizado às 17h59.
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse nesta segunda-feira que a Policia Militar transformou em "praça de guerra" a ação de reintegração de posse da área invadida do Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de São Paulo), determinada pela Justiça estadual.
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Carvalho disse que o uso da força não conta com o aval do governo federal e que esperava mais diálogo. "Nós achamos que tem alguma coisa que poderia ser esgotada ainda no diálogo e sobretudo numa saída negociada e humana para as famílias, sem a necessidade daquela praça de guerra que foi armada ontem", disse o ministro sobre operação realizada na madrugada de ontem (22).
Ele criticou ainda o tratamento dado ao secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, que acompanhava as negociações no local e foi atingido na perna por uma bala de borracha.
"Quando ele mostra a carteirinha, a identidade de funcionário público federal, os guardas o desrespeitam e metem uma bala de borracha nele", afirmou o ministro após solenidade no Palácio do Planalto.
Segundo Carvalho, o Ministério das Cidades deve participar do esforço para realojar os moradores da invasão.
"Eu não quero fazer uma crítica direta ao governo de São Paulo, com todo respeito à autonomia. Agora, eu só posso dizer que esse não é um método nosso, do governo federal", completou. Carvalho negou que o tema tenha sido discutido em reunião setorial na manhã de hoje sobre temas sociais.
PASSAGENS
A Prefeitura de São José dos Campos está distribuindo passagens rodoviárias para moradores da invasão Pinheirinho. De acordo com a prefeitura, pelo menos 30 pessoas receberam bilhetes. A maioria tem como destino São Paulo, mas até passagens para o Piauí foram distribuídas.
Segundo moradores ouvidos pela Folha, os bilhetes são oferecidos durante a triagem, quando as pessoas retiradas do terreno são reunidas num centro para preencher fichas, usadas para recuperar bens deixados para trás durante a ação da polícia e solicitar assistência da prefeitura.
A entrada da imprensa no centro não está sendo permitida pelos guardas civis municipais que controlam os portões. Segundo a prefeitura, a medida foi aplicada para evitar "acirrar os ânimos" no local, já que a presença de câmeras e jornalistas pode estimular protestos.
Durante a manhã, moradores que formavam uma fila em frente ao centro entraram em confronto com a PM e a Guarda Civil Municipal. Muitos estavam revoltados com a falta de informações e de organização. Balas de borracha foram disparadas contra manifestantes que jogaram pedras.
No domingo, a Folha mostrou que as tendas armadas para o atendimento de moradores estavam cheias de lama e não tinha proteção lateral. Na segunda-feira, segundo moradores, a situação continua a mesma.
DETENÇÕES
A Polícia Militar deteve
14 pessoas durante a madrugada desta segunda-feira na região da favela do Pinheirinho. Com isso, chegou a 30 o número de detidos desde o início da reintegração de posse, na manhã de ontem.
Dentre as pessoas que foram detidas na madrugada, dez tinham invadido uma casa e tomado como refém um casal de idosos. Os outros quatro estavam em um veículo roubado que foi parado pela polícia. Ainda segundo a PM, dois dos homens que invadiram a casa eram procurados pela Justiça e foram presos.
Do total, ao menos, cinco pessoas permanecem presas.
Durante a madrugada, mais um veículo foi queimado na região próxima ao Pinheirinho. Ontem, a PM já havia registrado outros oito veículos queimados, inclusive um carro de
reportagem da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo.
Outros incêndios criminosos atingiram ainda, ao menos, uma creche e uma padaria da região. De acordo com a polícia, pessoas atiraram de dentro de um carro um coquetel molotov dentro da creche, que acabou sendo totalmente incendiada.
Um outro coquetel molotov foi usado por pessoas que incendiaram a padaria de um vereador conhecido como Robertinho da Padaria. Não há informação de feridos.
REINTEGRAÇÃO
A reintegração da área invadida de Pinheirinho aconteceu na manhã de ontem (22). Houve confronto entre policiais e moradores. Com isso, três pessoas ficaram feridas, embora a Folha tenha presenciado outras agressões contra moradores durante a ação.
A prefeitura da cidade confirmou que houve apenas um ferido por tiro. Atendido no pronto socorro, a vítima passou por cirurgia e a condição de saúde é estável.
A área, onde viviam cerca de 6.000 pessoas, é alvo de uma disputa entre os invasores e a massa falida de uma empresa, proprietária do terreno. Ocupando uma área de cerca de 1,3 milhão de metros quadrados, a invasão Pinheirinho ocorreu há oito anos. Nos últimos dias, o clima no local tem sido de tensão.
Os moradores removidos foram levados ao Centro Poliesportivo do Campo dos Alemães. Folha >com
Ahhhhh, esse infeliz não é ban-dido, desculpe.