Lava Jato recebeu convite indiscreto do presidente
Procurador revelou que Temer chamou membros da operação para reunião no dia do impeachment de Dilma
Foto: Heuler Andrey/Reuters
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que faz parte da Operação Lava Jato, revelou, durante um evento em São Paulo, nesta segunda-feira (14), que os membros da força-tarefa de Curitiba foram convidados para uma reunião no Palácio do Jaburu, no dia do impeachment da então presidente Dilma Rousseff no Senado.
O convite, porém, foi recusado pelos integrantes do grupo que lidera as investigações.
Temer teria enviado Rodrigo Rocha Loures como emissário para fazer o convite. Um ano depois, em março deste ano, Loures foi flagrado com uma mala de R$ 500 mil em propina repassada pela JBS.
Membros da força-tarefa estavam em Brasília para uma premiação da Associação Nacional dos Procuradores da República quando o convite chegou.
No encontro com Loures, que na época era assessor especial de Temer, Carlos Fernando disse que os procuradores falaram sobre assuntos de interesse da operação.
A revelação do convite indiscreto surgiu após Lima ser questionado por jornalistas sobre o que achava do encontro fora da agenda da próxima procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com Temer. Em sua declaração, Lima criticou encontros não oficiais.
"Nós mesmos às vésperas, no dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu à noite e nós recusamos porque entendíamos que não tínhamos nada o que falar sobre o eventual presidente do Brasil naquele momento", disse o procurador.
A sucessora de Janot foi criticada por ter ido encontrar-se com Temer por volta das 22h do dia 7 de agosto. A reunião não constava na agenda de nenhum dos dois. No domingo, a futura PGR emitiu nota oficial em que afirma que formalizou o pedido por e-mail no dia 6 de agosto e que o encontro teve como foco o debate sobre sua posse.
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