sábado, 23 de abril de 2016

Acabo de ver a imagem de um político desonesto na tela da TV, arrolado inúmeras vezes em processos de improbidade administrativa. Ele ria um riso cínico… que figura patética, que sensação desagradável ele inspira: um misto de desprezo e piedade! Sim, tenho piedade das almas dos agentes públicos que desviam recursos públicos para benefício pessoal. O preço que irão pagar será tão alto! Eles supõem que tudo fazem às escondidas, no entanto, há uma multidão de olhos a lhes espreitarem, vendo tudo, e ouvidos captando cada palavra emitida em sussurro ou às escondidas (de uma dimensão que eles não conseguem enxergar). Nada fica impune. Eles parecem sorrir debochando da Justiça, do espírito pacífico e, quiça, da ingenuidade das pessoas de bem às quais eles prejudicam – mesmo tendo recebido delas aval para representá-las e a confiança de que agiriam em prol da coletividade. São patéticas criaturas! E ignorantes! Se lessem História saberiam que nada há de criativo na corrupção, na desonestidade. O que fazem nada tem de novo; nem mesmo a virtude da inovação suas ações possuem.  Roubar verba pública é prática  tão antiga! Fazer alianças espúrias para prejudicar os contribuintes, desviar dinheiro público para os próprios bolsos…tudo isso é tão primitivo, tão indigno de seres supostamente racionais. Os animais não prejudicam seus pares em benefício de si próprios de modo traidor, escuso. A competição entre os bichos é declarada, briga pela sobrevivência, nunca pelo acúmulo de posses –  posses  que pertencem a outrem. Nenhuma riqueza amealhada a custo do prejuízo de outras pessoas é lícita. Legítima apenas é a posse de bens conquistada pelo próprio trabalho, braçal ou intelectual. De que adianta a uma pessoa desfilar pelas ruas de Brasília com carro luxuoso, do ano, brilhoso e confortável ao extremo, se o modo como conseguiu o dinheiro para tal aquisição é indigno? E teve como resultado prejuízo grave a outras pessoas, como deixar idosos sem remédios, crianças sem merenda escolar, hospitais sem atendimento, ponte ameaçando cair e matar pessoas, viadutos e pistas mal feitos… De que adianta morar em um bairro considerado nobre, cujo metro quadrado seja o mais caro do país ou do mundo, se ao se deitar à noite sua consciência acuse ser uma posse desonesta, fruto de propina ou qualquer forma de iniquidade? De que vale dinheiro sem paz e sem saúde? Serve para comprar bolsas, sapatos de luxo, haras, viajar para o exterior, mas sem paz isso não tem valor; sem saúde desaparece o prazer da conquista.

Ouvi alguém dizer dia desses que o elevado preço dos imóveis em Brasília é consequência da lavagem de dinheiro obtido com diversos tipos de falcatruas, por gente de todo o país e até estrangeiros. Faz todo sentido…

Ainda que o corrupto e desonesto suponha não se sentir acusado pela própria consciência, ainda que não tenha percepção consciente de que agiu de modo ilegal, imoral e pense não haver autoacusação,  no plano insconsciente há essa percepção COM CERTEZA. E a cobrança virá, fatal e inexoravelmente. E se manifestará silenciosamente, paulatinamente, em forma de sintomas, de alterações na saúde, física e psicoemocional. Todo o mal que cada um fizer  será cobrado. A impunidade é uma utopia humana, tanto quanto a supervalorização do lucro, do dinheiro fácil. Não há impunidade eterna; por força de um mecanismo divino instalado dentro de cada um, a consciência, que perdura além da morte. Pobre de ti, criatura insana, que se regozija das vantagens amealhadas à custa do bem e dos direitos alheios.

Acrescento uma reflexão: a fórmula tão desejada para se viver bem e construir uma sociedade feliz existe há tantos séculos: os dez mandamentos! Se todos os cumpríssemos, como a vida seria melhor! Quantos agentes públicos e empresários ignoram as proibições lá inscritas, entre elas as que eles ferem com maior frequencia: não usar o nome de Deus em vão, não roubar, não matar, não cobiçar as coisas alheias, não levantar falso testemunho (e por extensão, não mentir)…

TUDO É QUESTÃO DE TEMPO,  tempo numa concepção mais alargada, além do que alcança a limitada compreensão de pessoas involuídas.

Suponho não ser lá muito cristão sentir desprezo pelos outros; Cristo nos ensinou a amar; mas ele era Santo; eu não o sou! A minha compreensão sobre certas coisas me livra da raiva e do ódio, mas nesses casos o que sinto é desprezo. E piedade – embora essa em menor intensidade.




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