Acabo de ver a imagem de um político
desonesto na tela da TV, arrolado inúmeras vezes em processos de
improbidade administrativa. Ele ria um riso cínico… que figura patética,
que sensação desagradável ele inspira: um misto de desprezo e piedade!
Sim, tenho piedade das almas dos agentes públicos que desviam recursos
públicos para benefício pessoal. O preço que irão pagar será tão alto!
Eles supõem que tudo fazem às escondidas, no entanto, há uma multidão de
olhos a lhes espreitarem, vendo tudo, e ouvidos captando cada palavra
emitida em sussurro ou às escondidas (de uma dimensão que eles não
conseguem enxergar). Nada fica impune. Eles parecem sorrir debochando da
Justiça, do espírito pacífico e, quiça, da ingenuidade das pessoas de
bem às quais eles prejudicam – mesmo tendo recebido delas aval para
representá-las e a confiança de que agiriam em prol da coletividade. São
patéticas criaturas! E ignorantes! Se lessem História saberiam que nada
há de criativo na corrupção, na desonestidade. O que fazem nada tem de
novo; nem mesmo a virtude da inovação suas ações possuem. Roubar verba
pública é prática tão antiga! Fazer alianças espúrias para prejudicar
os contribuintes, desviar dinheiro público para os próprios bolsos…tudo
isso é tão primitivo, tão indigno de seres supostamente racionais. Os
animais não prejudicam seus pares em benefício de si próprios de modo
traidor, escuso. A competição entre os bichos é declarada, briga pela
sobrevivência, nunca pelo acúmulo de posses – posses que pertencem a
outrem. Nenhuma riqueza amealhada a custo do prejuízo de outras pessoas é
lícita. Legítima apenas é a posse de bens conquistada pelo próprio
trabalho, braçal ou intelectual. De que adianta a uma pessoa desfilar
pelas ruas de Brasília com carro luxuoso, do ano, brilhoso e confortável
ao extremo, se o modo como conseguiu o dinheiro para tal aquisição é
indigno? E teve como resultado prejuízo grave a outras pessoas, como
deixar idosos sem remédios, crianças sem merenda escolar, hospitais sem
atendimento, ponte ameaçando cair e matar pessoas, viadutos e pistas mal
feitos… De que adianta morar em um bairro considerado nobre, cujo metro
quadrado seja o mais caro do país ou do mundo, se ao se deitar à noite
sua consciência acuse ser uma posse desonesta, fruto de propina ou
qualquer forma de iniquidade? De que vale dinheiro sem paz e sem saúde?
Serve para comprar bolsas, sapatos de luxo, haras, viajar para o
exterior, mas sem paz isso não tem valor; sem saúde desaparece o prazer
da conquista.
Ouvi alguém dizer dia desses que o elevado preço dos imóveis em Brasília é consequência da lavagem de dinheiro obtido com diversos tipos de falcatruas, por gente de todo o país e até estrangeiros. Faz todo sentido…
Ainda que o corrupto e desonesto suponha
não se sentir acusado pela própria consciência, ainda que não tenha
percepção consciente de que agiu de modo ilegal, imoral e pense não
haver autoacusação, no plano insconsciente há essa percepção COM
CERTEZA. E a cobrança virá, fatal e inexoravelmente. E se manifestará
silenciosamente, paulatinamente, em forma de sintomas, de alterações na
saúde, física e psicoemocional. Todo o mal que cada um fizer será
cobrado. A impunidade é uma utopia humana, tanto quanto a
supervalorização do lucro, do dinheiro fácil. Não há impunidade eterna;
por força de um mecanismo divino instalado dentro de cada um, a
consciência, que perdura além da morte. Pobre de ti, criatura insana,
que se regozija das vantagens amealhadas à custa do bem e dos direitos
alheios.
Acrescento uma reflexão: a fórmula tão
desejada para se viver bem e construir uma sociedade feliz existe há
tantos séculos: os dez mandamentos! Se todos os cumpríssemos, como a
vida seria melhor! Quantos agentes públicos e empresários ignoram as
proibições lá inscritas, entre elas as que eles ferem com maior
frequencia: não usar o nome de Deus em vão, não roubar, não matar, não
cobiçar as coisas alheias, não levantar falso testemunho (e por
extensão, não mentir)…
TUDO É QUESTÃO DE TEMPO, tempo numa concepção mais alargada, além do que alcança a limitada compreensão de pessoas involuídas.
Suponho não ser lá muito cristão sentir
desprezo pelos outros; Cristo nos ensinou a amar; mas ele era Santo; eu
não o sou! A minha compreensão sobre certas coisas me livra da raiva e
do ódio, mas nesses casos o que sinto é desprezo. E piedade – embora
essa em menor intensidade.
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