Candidatos ao Paço repercutem futuro para o Hospital de Urgência
Depois de idas e vindas, foi liberado o edital para construção do Hospital de Urgência, de São Bernardo. O equipamento, que é muito esperado para atender a demanda da Saúde no município, chegou a ter o processo de concorrência emperrado devido a ajustes técnicos que foram feitos pela atual gestão do Prefeito Luiz Marinho (PT). Para a maioria dos candidatos ao Paço, a proposta não é vista com bons olhos, pois ainda não se faz uso pleno do já entregue Hospital de Clínicas.
A obra, que tem orçamento aproximado de R$ 685 milhões para a construção de sete pavimentos, com 266 posições, sendo 226 leitos e 40 poltronas, terá parte dos investimentos provenientes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e parte da Prefeitura de São Bernardo.
O Diário repercutiu com os candidatos a uma cadeira no Executivo do município quais são seus planos para a concretização desse projeto de grande expectativa para a população.
Para o candidato Orlando Morando, do PSDB, a atual gestão fez com que a cidade virasse um ‘canteiro de obras paradas’ e que, antes de iniciar novas construções, é importante fazer com que as já prontas funcionem com qualidade e médicos para atender a população. “São Bernardo precisa, sim, de mais saúde e de melhor qualidade, precisa de médicos para atender a população, mas antes de sair construindo novos equipamentos, precisamos fazer o que tem funcionar de verdade. Sobre a construção do Hospital de Urgência, vamos sim dar continuidade, e sobre o prazo de entrega, precisamos primeiro saber como está a situação do empréstimo do BID, que é o responsável pelo financiamento dessa obra. E, ainda, precisamos saber se a licitação não sofrerá problemas.”
Caso o Hospital de Urgência não seja construído, Morando sugere que os quase R$ 685 milhões sejam usados em contratação de médicos e melhor integração do sistema de dados. “Hoje a Saúde de São Bernardo representa 22% do orçamento e nós vamos elevar esse teto para aumentar o custeio e fazer funcionar tudo. Não vamos investir o dinheiro da Saúde em tijolo, nós vamos investir em médicos. São Bernardo terá exame rápido e remédio fácil. Esses são os três pilares que nós vamos trabalhar na saúde. Vamos implementar ainda o Prontuário Único Eletrônico, integrando as informações do paciente em uma única fonte de dados, possibilitando o acesso em qualquer unidade, agilizando o atendimento. Vamos fazer o monitoramento à distância aos pacientes crônicos, com pressão alta, diabetes, eles serão monitorados diariamente”, prometeu o candidato.
Para Tunico Vieira (PMDB), como o Hospital de Clínicas ainda não completou sua capacidade plena é adequado que, até a conclusão do Hospital de Urgência, ele seja usado para casos que exigem pressa e procedimentos cirúrgicos. “Considerando que o Hospital de Clínicas ainda não completou suas instalações para o atendimento de sua capacidade plena, mesmo assim apresentando ociosidade, é sensato utilizar sua capacidade para o atendimento de casos de urgência e de procedimento cirúrgicos, até conclusão do Hospital de Urgência. Quanto à data para entrega iremos tomar conhecimento do projeto e recursos previstos para tal finalidade, para então se posicionar a respeito desta tão nobre e necessária obra para o atendimento da nossa população”, detalha o postulante.
Questinado sobre como usaria o recurso destinado ao Hospital de Urgência caso ele não fosse feito, o candidato detalhou: “Cabe destacar que, de acordo com dados publicados, os gastos com Saúde no município correspondem a aproximadamente um terço das despesas totais, portanto trata-se de valor bastante significativo. Será importante analisarmos e concluir sobre as prioridades e reais necessidades da população na área, pois a construção do hospital demanda recursos únicos de investimentos enquanto o atendimento demanda recursos permanentes de custeio.”
Para o pleiteante ao Paço Aldo Santos (Psol), a ideia é desterceirizar a Saúde da cidade. “Entendo que saúde pública é prioridade das prioridades, o que não vem ocorrendo nas últimas gestões.Pretendemos desterceirizar a saúde municipal, abrir concurso público, assegurar as 30 horas de trabalho para esses profissionais, dar continuidade nas obras nos prazos previstos . Vamos também fazer uma auditoria nos contratos para saber se estão ou não superfaturadas. Em relação aos servidores municipais, através dos usuários do Imasf, vamos colocar o prédio em funcionamento, pois se o dinheiro existe para pagar terceiros, que lucram, vamos gerenciar um hospital modelo para os servidores municipais. Vamos gerenciar a própria saúde , sem intermediários”, assegurou o candidato.
Caso o Hospital de Urgência não saia do papel, Santos pretender fortalecer o SUS (Sistema Único de Saúde) na cidade. “A saúde é obrigação do Estado e direito da população. Neste sentido, defendemos o dinheiro público, com o fortalecimento do SUS, potencializando os equipamentos existentes, buscando recursos junto aos governos Federal e Estadual, pois entendemos que a Saúde, assim como a Educação, são investimentos e não despesas. O que precisa é democratizar, controlar, gerir e punir a corrupção e o malfeitor.”
Já o candidato do PSTU, Cesar Raya, acredita que a subutilização do Hospital de Clínicas é um duplo desperdício de verbas públicas. “Em primeiro lugar, pelo investimento em uma infraestrutura que atualmente não desempenha sua total capacidade de atendimento à população. Segundo, por ser, em parte, de maneira desastrosa, a gestão Marinho usa essa subutilização para justificar a criação do Hospital de Urgência, que seria desnecessário caso o Hospital das Clínicas funcionasse em sua plenitude, visto, por exemplo, que em vez de atender com os atuais 90 leitos e 20 leitos, atendesse com o número no mínimo duplamente superior”, critica o postulante.
Já o candidato do PSTU, Cesar Raya, acredita que a subutilização do Hospital de Clínicas é um duplo desperdício de verbas públicas. “Em primeiro lugar, pelo investimento em uma infraestrutura que atualmente não desempenha sua total capacidade de atendimento à população. Segundo, por ser, em parte, de maneira desastrosa, a gestão Marinho usa essa subutilização para justificar a criação do Hospital de Urgência, que seria desnecessário caso o Hospital das Clínicas funcionasse em sua plenitude, visto, por exemplo, que em vez de atender com os atuais 90 leitos e 20 leitos, atendesse com o número no mínimo duplamente superior”, critica o postulante.
O candidato salienta ainda a necessidade de uma auditoria para levar o Hospital de Urgências adiante. “Será importante para verificação de gastos que de fato são necessários e na medida em que a capacidade de outros complexos hospitalares de responsabilidade municipal seja também desenvolvida. Consideramos que, embora os complexos hospitalares sejam importantes, esses atuam nos marcos da saúde curativa, quando os gastos públicos em Saúde, tais como esses direcionados à construção do Hospital de Urgência, deveriam ser canalizados para a medicina preventiva, tais como atendimentos básicos proporcionados pelos princípios que norteiam as UBS”, conclui.
Para o candidato do PT, Tarcísio Secoli, apoiado pelo atual prefeito Luiz Marinho (PT), o Hospital de Urgência será construído para substituir o atual PS (Pronto Socorro) Central, que não tem mais condições de atender dentro do padrão de qualidade da Saúde que foi implantada na cidade. “Portanto, o HC (Hospital de Clínicas) não concorre e não substitui com o Pronto Socorro/Hospital de Urgências, são coisas distintas. Aliás, se fôssemos abrir um hospital e fechar outro, não haveria ampliação na rede de saúde pública. Com o HC, a quantidade de leitos da cidade foi ampliada em mais de 49%. Apenas para UTI, nossos moradores ganharam mais 31 leitos”, detalha.
O pleiteante reforça que o Hospital de Urgência, assim como o atual Pronto Socorro Central, será um hospital que atenderá a demanda espontânea de casos urgentes. É a porta de entrada para o sistema de saúde, portanto. Já o de Clínicas é um hospital referenciado, assim como o Hospital Anchieta ou o Hospital Mário Covas, que são aqueles que recebem pacientes encaminhados pela rede de urgência. Toda rede de saúde organizada tem hospitais de urgência e hospitais que são referência. “Portanto, tentar menosprezar a necessidade de construir um novo prédio para abrigar o atual PS é, primeiro, um enorme desrespeito com os usuários e trabalhadores da saúde. Mostra total desconhecimento sobre como funciona a saúde e as necessidades da população. Da mesma forma, antes de questionar o funcionamento do HC, deveria ser lembrado que ele sequer existia há 7 anos atrás.”
Sobre o tempo para início das obras do Hospital de Urgências, Secoli garante que a construção terá início ainda neste ano, com previsão de ser concluída em até 24 meses.
O candidato trata como necessidade absolutamente técnica ter o prédio do Hospital de Urgência. “O atual prédio do Pronto Socorro Central foi construído em 1973, sem elevador, sem sala cirúrgica e com ambientes pequenos, pé direito baixo e redes elétricas que não suportam equipamentos mais potentes. A necessidade de um novo prédio também está relacionada ao atendimento digno e de qualidade que as pessoas têm direito a receber. Além disso, é preciso oferecer melhores condições de trabalho aos funcionários da unidade. Questionar a necessidade evidente de um novo prédio é uma clara demonstração de desrespeito pela população e completo desconhecimento sobre as necessidades da saúde e o planejamento que uma cidade deve fazer para evitar situações como a que encontramos em 2008”, afirma.