terça-feira, 21 de outubro de 2014

Obras de preservação vão salvar Casa de Tiradentes em Ouro Branco Ministério Público de Minas Gerais e Prefeitura de Ouro Branco firmam termo de ajustamento de conduta para intervenções de emergência na Fazenda das Carreiras, imóvel do século 18 Gustavo Werneck - Estado de Minas Publicação: 20/10/2014 11:06 Atualização: 20/10/2014 12:14 Fazenda serviu de estalagem e pernoite de Joaquim da Silva Xavier durante viagem. Prefeitura deve fazer obras necessárias sem alterar características originais. Foto: Rafael Melo/Divulgação Fazenda serviu de estalagem e pernoite de Joaquim da Silva Xavier durante viagem. Prefeitura deve fazer obras necessárias sem alterar características originais. Foto: Rafael Melo/Divulgação Sinal verde para a proteção e preservação da Fazenda das Carreiras, também conhecida como Casa de Tiradentes, um dos bens culturais mais importantes de Ouro Branco, na Região Central de Minas. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a prefeitura local firmaram termo de ajustamento de conduta (TAC) que estabelece uma série de serviços e medidas emergenciais, no prazo de 180 dias, para evitar a ruína do imóvel do século 18. Moradores e defensores do acervo colonial do município lutam há vários anos para salvar a construção tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) desde 1999 e pelo município, em 1997. Conforme o TAC, a prefeitura, com acompanhamento de técnicos do Iepha, terá que revisar a cobertura da casa, substituindo a madeira comprometida por outra adequada e respeitando as características originais (telhas, inclinação e dimensão dos beirais); fazer limpezas interna e externa da edificação a fim de impedir a umidade e proliferação de animais; manter vigilância permanente sobre o bem; e elaborar, no prazo de 180 dias, o projeto de restauração do imóvel. Depois da aprovação pelo Iepha, o projeto terá que ser executado em seis meses. O imóvel fica à beira da Estrada Real, na divisa com Conselheiro Lafaiete. Pelo termo de compromisso firmado, a prefeitura deverá dar à Fazenda das Carreiras destinação compatível com suas características e mantê-la em uso e bom estado de conservação. O documento foi assinado pelos promotores de Justiça José Lourdes de São José, curador do Patrimônio Cultural e Turístico de Ouro Branco, e Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador das Promotorias de Justiça do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), pela prefeita de Ouro Branco, Maria Aparecida Junqueira Campos, e pelo presidente do Iepha, Fernando Viana Cabral. Conforme matéria publicada no Estado de Minas em 15 janeiro de 2013, integrantes da Associação dos Amigos da Cultura (AACOB) por vezes seguidas pediram providências ao Iepha no sentido de acionar o MPMG para garantir a assinatura do TAC com a prefeitura, proprietária do casarão. Na época, eles ressaltaram que a casa demandava reparos urgentes, apresentando muitas goteiras, comprometimento da estrutura de pau a pique, trincas na parede e outros danos. História Conforme pesquisa da associação, a Casa de Tiradentes foi construída provavelmente em meados do século 18, servindo, ao longo do tempo, como estalagem, posto de comércio etc. O nome faz referência à estada e pernoite de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o Tiradentes, herói da Inconfidência Mineira, em 1788, quando em viagem de São João del-Rei a Vila Rica, atual Ouro Preto. O imóvel é “considerado um dos remanescentes mais antigos do caminho e serviu à conspiração mineira contra o império português como local que abrigava as reuniões secretas dos conjuradores”. O casarão, que constituiu-se originalmente com volume retangular envolvido por avarandado, tem sistema construtivo desenvolvido sobre base de pedra, estrutura autônoma em madeira e pedra e vedação em adobe e pau a pique, sendo uma típica construção da antiga tradição rural de Minas. De acordo com o dossiê de tombamento elaborado pelo Iepha, “a sede da Fazenda das Carreiras apresenta características comuns às propriedades que se implantaram em Minas Gerais em meados do século 18”. O laudo técnico do MPMG diz que se trata de um “remanescente do caminho do ouro”.

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