23 de agosto de 2012 • 16h31 • atualizado às 17h33
O hospital filantrópico A.C. Camargo, em São Paulo, poderá mudar o tratamento de aproximadamente 50 pacientes com câncer em decorrência da falta do quimioterápico xeloda. Segundo a assessoria de comunicação do hospital, que é referência no combate à doença, o fabricante não forneceu o remédio alegando que a matéria-prima importada está retida por causa da greve dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Veja como a greve dos servidores federais pode afetar sua rotinaDe acordo com o hospital, a previsão do laboratório é fazer a entrega somente na primeira quinzena de setembro. Nesse caso, os tratamentos serão modificados. A alternativa ao xeloda (via oral) é a quimioterapia intravenosa - procedimento que exige a internação do paciente e a aplicação do medicamento pode durar de duas a seis horas. Caso o xeloda seja entregue até o final do mês, não será necessário mudar o tratamento.
O administrador de obras Almir Braz, 45 anos, iria começar o segundo ciclo de quimioterapia para tratar um câncer no aparelho digestivo, quando foi informado da falta do medicamento. ''Preciso fazer três ciclos, de 21 dias, para evitar o retorno da doença após a cirurgia'', explica. Ele está insatisfeito com a mudança, pois avalia que a internação altera a rotina do tratamento e pode influenciar na recuperação. ''Queria ficar junto com a minha família. Essa proximidade cria uma bola de neve positiva que contribui para a superação da doença'', disse.
Para o hospital, a troca de medicação não interfere no tratamento, pois há histórico de pacientes que demonstram uma boa resposta clínica à substituição. O hospital estima ainda que os estoques de, pelo menos, outros dez remédios podem acabar, caso a greve persista por mais duas ou três semanas.
Segundo o secretário-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, o desabastecimento é resultado da falta de inspeções da Anvisa. ''Tínhamos um estoque inicial, mas com o prolongamento da greve, não se conseguiu manter a produção'', explicou.
Apesar do retorno de 70% dos servidores da agência reguladora, a entidade avalia que as liberações de importações ainda ficarão emperradas. ''Há um limite de 20 liberações de importações por empresa, quando existem empresas com até 200 a serem feitas.'' Gouvêa aponta que o problema ocorre em todo o Brasil, conforme levantamento feito pela câmara com as 413 associadas. Segundo ele, diferentes exames podem deixar de ser feitos.
Foi o que ocorreu com o jornalista Sérgio Coelho, 52 anos, que compareceu a um laboratório no último sábado (18) para fazer uma bateria de exames, mas teve de adiar o teste de dosagem de insulina. ''Não pude fazer porque o material estava em falta por causa da greve. Foi o que eles disseram. Pediram para que eu entrasse em contato na próxima semana'', relatou.
O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação (Sinagência) informou que as cargas perecíveis e medicamentos estão sendo liberados. ''Estamos trabalhando de dez a 11 horas por dia para garantir a liberação das cargas. Esse problema pode estar ocorrendo nos Estados em que fiscais estaduais assumiram o trabalho'', disse Ricardo de Holanda, diretor de comunicação do sindicato.
Por meio de nota, a Anvisa informou que ''não recebeu nenhuma notificação de desabastecimento de medicamentos, alimentos ou produtos para a saúde''. Dos 1.622 servidores, 1.185 estão trabalhando, conforme levantamento feito no dia 14 de agosto pelo setor de recursos humanos da agência. Por fim, reforça que o governo federal continua as negociações com a categoria.
O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.
Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.
O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o "espaço orçamentário" para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.
No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.
Veja como a greve dos servidores federais pode afetar sua rotinaDe acordo com o hospital, a previsão do laboratório é fazer a entrega somente na primeira quinzena de setembro. Nesse caso, os tratamentos serão modificados. A alternativa ao xeloda (via oral) é a quimioterapia intravenosa - procedimento que exige a internação do paciente e a aplicação do medicamento pode durar de duas a seis horas. Caso o xeloda seja entregue até o final do mês, não será necessário mudar o tratamento.
O administrador de obras Almir Braz, 45 anos, iria começar o segundo ciclo de quimioterapia para tratar um câncer no aparelho digestivo, quando foi informado da falta do medicamento. ''Preciso fazer três ciclos, de 21 dias, para evitar o retorno da doença após a cirurgia'', explica. Ele está insatisfeito com a mudança, pois avalia que a internação altera a rotina do tratamento e pode influenciar na recuperação. ''Queria ficar junto com a minha família. Essa proximidade cria uma bola de neve positiva que contribui para a superação da doença'', disse.
Para o hospital, a troca de medicação não interfere no tratamento, pois há histórico de pacientes que demonstram uma boa resposta clínica à substituição. O hospital estima ainda que os estoques de, pelo menos, outros dez remédios podem acabar, caso a greve persista por mais duas ou três semanas.
Segundo o secretário-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, o desabastecimento é resultado da falta de inspeções da Anvisa. ''Tínhamos um estoque inicial, mas com o prolongamento da greve, não se conseguiu manter a produção'', explicou.
Apesar do retorno de 70% dos servidores da agência reguladora, a entidade avalia que as liberações de importações ainda ficarão emperradas. ''Há um limite de 20 liberações de importações por empresa, quando existem empresas com até 200 a serem feitas.'' Gouvêa aponta que o problema ocorre em todo o Brasil, conforme levantamento feito pela câmara com as 413 associadas. Segundo ele, diferentes exames podem deixar de ser feitos.
Foi o que ocorreu com o jornalista Sérgio Coelho, 52 anos, que compareceu a um laboratório no último sábado (18) para fazer uma bateria de exames, mas teve de adiar o teste de dosagem de insulina. ''Não pude fazer porque o material estava em falta por causa da greve. Foi o que eles disseram. Pediram para que eu entrasse em contato na próxima semana'', relatou.
O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação (Sinagência) informou que as cargas perecíveis e medicamentos estão sendo liberados. ''Estamos trabalhando de dez a 11 horas por dia para garantir a liberação das cargas. Esse problema pode estar ocorrendo nos Estados em que fiscais estaduais assumiram o trabalho'', disse Ricardo de Holanda, diretor de comunicação do sindicato.
Por meio de nota, a Anvisa informou que ''não recebeu nenhuma notificação de desabastecimento de medicamentos, alimentos ou produtos para a saúde''. Dos 1.622 servidores, 1.185 estão trabalhando, conforme levantamento feito no dia 14 de agosto pelo setor de recursos humanos da agência. Por fim, reforça que o governo federal continua as negociações com a categoria.
O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.
Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.
O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o "espaço orçamentário" para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.
No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.
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