quinta-feira, 7 de março de 2013

Região tem 250 mil em situação de pobreza Diário do Grande ABC

      
Do Diário do Grande ABC

           

Região tem 250 mil em situação de pobreza
Apesar de estar entre as regiões mais ricas do País, o Grande ABC tem cerca de 250 mil pessoas em nível alto de pobreza. O número chama atenção porque representa aproximadamente 10% da população das sete cidades - 2,5 milhões de habitantes - e equivale ao total de moradores de São Caetano e Ribeirão Pires juntas.
Os dados fazem parte de pesquisa realizada em parceria entre a Fundação Seade e Instituto do Legislativo Paulista da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com base nos resultados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010. Nos últimos dezanos anos, a proporção de pessoas em situação de pobreza permaneceu estável.
O indicador divide a população dos municípios em sete grupos e leva em conta a combinação socioeconômica e demográfica das famílias.
Entre as sete cidades, Mauá desponta com a maior proporção de pessoas classificadas no grupo 6, ou seja, em vulnerabilidade muito alta. São 67.221 munícipes - 16,2% da população - que vivem em condições precárias quanto a saneamento básico, abastecimento de água e energia elétrica e atendimento nas áreas de Saúde, Educação e assistência social. Nestas famílias, compostas em sua maioria por pessoas jovens, a renda média gira em torno de R$ 1.200.
Por outro lado, 15,2% da população de São Caetano não tem preocupação quanto à falta de recursos financeiros e tampouco atendimento social. Essas pessoas ocupam o grupo 1 do índice, o que representa famílias mais estruturadas, com pessoas mais velhas e condições de moradia em áreas consolidadas. O rendimento médio é de R$ 9.100. Com isso, a cidade pode ser considerada área de privilegiados, já que não possui moradores nos grupos 4, 5, 6 e 7 - que concentram população de média até muito alta vulnerabilidade.
Em Diadema, o estudo mostra que enquanto 40,6 mil pessoas são carentes, apenas 0,1% da população pode se considerar bem de vida. O grupo 3 é o que detém maior porcentagem de moradores no município. São 120,7 mil pessoas com renda média de R$ 1.800 por domicílio e que residem em casas que não oferecem riscos à vida.
São Bernardo é o único lugar que apresenta famílias residindo no grupo 7. O índice mostra que cerca de 8.500 pessoas moram em locais de vulnerabilidade alta na zona rural. Nestes casos, o salário médio mensal das famílias fica na casa de R$ 1.000. Essas são moradias chefiadas por pessoas com idade média de 45 anos e tem número alto de crianças e jovens.
Quase 430 mil moradores de Santo André, o equivalente a 63,2% do total, ocupam o grupo 2. A cidade da região é que mais concentra pessoas nessa faixa do índice. Com rendimento médio de R$ 3.200 mensais, essas famílias são chefiadas por pessoas com idade média de 51 anos e concentram pequena porcentagem de crianças e jovens, além de morarem em casas estruturadas.
Dados merecem atenção, dizem especialistas
Tido como índice destinado também a gestores, o IPVS cumpre tarefa de mostrar a realidade vivida pela população dentro dos municípios. Apesar de não serem considerados alarmantes, os dados observados no Grande ABC chamam atenção, de acordo com especialistas.
Na visão da gerente de metodologia e estatística da Fundação Seade, Maria Paula Ferreira, há parcela significativa de pessoas pobres ou no limite da pobreza entre as sete cidades. A constatação é compartilhada pela psicóloga social e psicanalista da Anhanguera Anchieta Aline Aleixo. "Os números indicam a necessidade de os administradores continuarem a investir em políticas voltadas à assistência social."
Além de inclusão das famílias em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, do governo federal, Aline observa a importância de atuação dos gestores públicos nas áreas de Saúde, Habitação, Educação, cursos de formação e projetos sociais.
Em São Bernardo, a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Márcia Barral, destaca que 86% das 26.265 famílias com perfil para serem incluídas no Bolsa Família são atendidas. A meta para os próximos três anos é alcançar 100% das famílias em vulnerabilidade social. A Prefeitura aposta na continuidade do trabalho conjunto para buscar pessoas em situação de pobreza.
Santo André informou que ainda concentra 1.553 famílias em situação de pobreza mesmo recebendo benefícios do Bolsa Família. A administração elenca os programas e projetos prioritários para melhorar o desempenho da cidade e a primeira ação diz respeito ao recadastramento e inclusão de famílias (aproximadamente 30%) em situação de vulnerabilidade.
Ribeirão Pires destacou que projetos socias estão sendo estudados, sob orientação e fiscalização de profissionais especializados da área social, em parceria com redes de serviços disponíveis. Diadema limitou-se a informar que possui 16,069 famílias cadastradas no Bolsa Família.

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