domingo, 8 de março de 2015


Dia internacional da mulher veja um grande superação todos deveria ver esta superação 

Rebekah - CAPA
Rebekah: do drama da Maratona de Boston a uma história de superação e amor pela vida
Rebekah Gregory DiMartino estava com sua família nas proximidades da linha de chegada da Maratona de Boston. O dia, 15 de abril de 2013, ficou marcado para sempre na história: duas bombas explodiram, matando três pessoas e ferindo mais de 260. Rebekah era uma delas. Suas lesões foram catastróficas, resultando em mais de 35 cirurgias e, posteriormente, na amputação de parte de sua perna esquerda.
O drama virou força. As dores se traduziram em superação. Dois anos depois, ela treina. O objetivo: voltar à Maratona de Boston, dia 20 de abril, agora, como atleta, correndo com a sua prótese. Por meio de fotos e por suas próprias palavras, ela fala sobre a sua jornada, começando pelo momento fatídico na linha de chegada. Exemplo e inspiração, não apenas ilustrar toda a determinação da mulher neste domingo, Dia Internacional dela, mas para todos. Um exemplo e uma inspiração muito maior que a data, simbólica, pode representar.

Era o fim de semana do meu aniversário de 26 anos, e minha sogra, mãe do meu marido Pete, Mona DiMartino, correria a Maratona de Boston. Pete e eu pegamos meu filho, Noah, com 5 anos à época, e fomos para Boston, assistir a um jogo do Red Sox e fazer coisas de turista na cidade. Veríamos Mona correr e, logo ao fim da prova, voltaríamos para Houston.
ARQUIVO PESSOAL
Rebekah e seu filho Noah em jogo do Red Sox
Rebekah e seu filho Noah em jogo do Red Sox
Seguimos até a marca dos 27 quilômetros. Estávamos animados, e a torcida estava maluca. Havia gente por todos os lados, gritando e aplaudindo os competidores. Queríamos uma visão melhor, então fomos para a Boylston Street, bem próxima à linha de chegada.
Foi onde estávamos que a primeira bomba explodiu.
Eu me lembro de tudo, e ainda penso sobre aquilo quando fecho os meus olhos à noite. Fui atirada para trás e pareceu até que levitei antes de cair, forte. Foi quase como o meu filme de terror pessoal, e eu era a atriz principal. Tudo ficou quase em câmera lenta, e a imagem ficou toda cinza e enfumaçada. Você poderia ver poças de sangue no chão, e havia carne, ossos e partes de corpos espalhados por toda a parte.
Olhei para as minhas pernas e não as vi, porque elas estavam mutiladas.
Não conseguia me mexer, apenas conseguia erguer a minha cabeça. Minha reação imediata, completamente em pânico, foi "Onde está Noah? Onde está o meu bebê?". Ele estava sentado no meu pé direito quando tudo aconteceu.
Noah sendo socorrido após a explosão
Noah sendo socorrido após a explosão
Ouvia apenas vozes fracas, porque meus tímpanos tinham explodido, mas, de alguma forma, eu ouvia os gritos de Noah. Ele estava atrás de mim, mas quando levantei meu braço para tentar puxá-lo na minha direção, percebi que minha mão não teria força para isso.
Dizem que meu corpo agiu como um escudo humano, e o resultado disso foi que Noah sofreu apenas um corte no osso da perna direita e algumas lesões menores. Pete estava bem também, embora tenha quase decepado o tendão calcâneo [tendão de Aquiles] e sofrido algumas graves queimaduras.
Eu estava bem pior. Lembro do pessoal da emergência me carregando para a ambulância. Pude vê-los dizendo "Temos uma amputada", mas eu estava lendo os lábios, porque eu não podia escutar nada. Sabia que, se eu passasse por isso, não seria com as minhas pernas.
Cheguei ao hospital, fui levada para a cirurgia de emergência e colocada em coma induzido. 
20 de abril de 2013: Acordando
Mais ou menos uma semana depois, acordei quase totalmente consciente. Minha mãe teve que tirar fotos das minhas pernas para que eu soubesse que elas ainda estavam ali, porque eu não acreditava nela. Pensava que elas não estavam mais lá.
Eu estava muito, muito mal, e tinha tantas lesões que passei por cirurgias constantes nos 56 dias seguintes. Em dois hospitais.

11 de junho de 2013: Ainda viva
Finalmente tive alta, mas não tinha mobilidade alguma, e meu peso caiu para 79 libras[35,8 kg] enquanto estive internada. Durante uma das cirurgias, eles retiraram músculos e vasos sanguíneos da minha coxa esquerda e colocaram no meu pé esquerdo, onde tinha um grande buraco. Por causa disso, tive que ficar meses com meu pé elevado, e podia abaixá-lo por cerca de cinco minutos a cada hora. Também tomava antibióticos intravenosos e não saía da cama.
Eu estava muito depressiva. Você se acostuma a ser tão ativa, e foi como se meu mundo tivesse parado. Mas não podia desistir, porque eu tinha que estar lá por Noah. Estava disposta a fazer o que fosse preciso para superar isso. Eu estava na casa da minha mãe, e ela fazia tudo por mim. Tudo mesmo, inclusive me vestir e me dar banho.
Houve apenas um dia memorável, quatro meses depois que eu tinha saído do hospital, quando pude me mover um pouco e decidi tomar banho sozinha. Para tomar banho, você tem que ser capaz de tirar as suas calças, e eu ainda não podia fazer isso. Procurei por alguma tesoura para cortar tudo, mas a sorte não me ajudou, e não achei a tesoura. Isso tudo me deixou completamente vestida debaixo do chuveiro desligado.
ESPN.COM.BR
9 de novembro de 2014: O fim do namoro
Penso que eu sempre soube que não seria capaz de manter a minha perna. É algo que o instinto te diz, porque eu tinha tanta limitação no que podia fazer, e já havia se passado mais de um ano e meio depois da bomba. Mas também confiava que os médicos conheciam disso um pouco mais do que eu, e eles queriam tentar certeza das coisas. Então, disse a eles, "OK, vamos tentar". Quando cheguei ao ponto de ter passado por 17 cirurgias na parte inferior da minha perna esquerda, senti que estava sendo um tanto quando boba em me agarrar a algo que estava me prendendo. Minha perna parecia um péssimo namorado - algo que eu precisava tirar da minha vida porque não servia para nada, apenas para me deixar longe do que eu precisava ser. Então, marquei a amputação, e escrevi uma carta de separação: 
Tenho certeza que isso não será um choque para você quando digo que crescemos separadas. O amor que tivemos encolheu, e nosso relacionamento se tornou um verdadeiro fardo em minha vida. Passamos por muita coisa. Conhecemos um montão de lugares, fizemos muitas coisas, e você me ajudou a atravessar um dos passos mais difíceis até agora.
Prometo que sempre vou dar valor a isso. E não estou dizendo que não será difícil para mim. Está sendo. Mas, por mais difícil que isso possa ser, sinto que nosso tempo chegou ao fim.
ARQUIVO PESSOAL
Rebekah - de amarelo - e suas amigas: despedida
Rebekah - de amarelo - e suas amigas: despedida
Preciso sentir todos os dias que, por ter um relacionamento com você, estou me tornando uma pessoa melhor. E nos últimos tempos, não tenho sentido isso. Ao contrário, sinto que você está me impedindo de realmente atingir o meu potencial.
Agora, acho que isso é provavelmente a coisa mais dura que você vai me ouvir dizer, mas nunca mentirei para você e não planejo começar isso agora. O que preciso é algo que você não pode mais me dar.
Não posso mais te dar a empatia que você precisa. Te amo. De verdade. Mas acho que preciso começar a próxima etapa da minha viagem. Com tudo dito, anexei um "vale presente", espero que você use. Faça as unhas pela última vez, por minha conta, e aproveite bem, porque amanhã... Estarei cortando você da minha vida, para o bem.
Desejo o melhor, onde quer que você esteja,
Rebekah
Também decidi, nesse momento, que correria a Maratona de Boston de 2015 com a minha prótese. Comecei a trabalhar com meu treinador, Artis Thompson, que também é amputado abaixo do joelho. Ele sabe exatamente o quanto tenho que me esforçar, e começamos com exercícios de força e resistência, como agachamentos e equilíbrio (posso me equilibrar na minha perna direita por até 40 minutos agora!). Falo para as pessoas qual é meu objetivo, e eles me chamam de maluca só por tentar, mas eu preciso de um objetivo, e isso é o que quero fazer. 
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10 de novembro de 2014: Dia da amputação
No dia da amputação, pensei que estaria com medo, mas eu estava muito empolgada. Fiz uma série de pesquisas e me sentia muito esperançosa. Quando acordei depois da cirurgia, pensei que ia ficar maluca sem a minha perna, mas realmente foi como tirar um grande fardo de mim, não poderia sentir outra coisa além de gratidão por tudo isso. Estive no limbo por muito tempo, com muita dor. Agora, imediatamente após a cirurgia, eu estava com menos dor do que senti no último ano e meio.
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Decidi que minha prótese seria um novo integrante da minha família, e queria tratá-la assim e celebrar isso. Então, fiz um anúncio formal de nascimento. Ela tinha 2,04 kg e 45,7 centímetros. E, sim, o parto foi extremamente longo! Coloquei o nome de Felicia por causa do filme "Sexta-feira em apuros" ["Friday", em inglês], onde eles dizem "Tchau, Felicia". Tinha visto recentemente um cartão por email que dizia "Quem me dera ter a vida de Felicia... Sempre indo para algum lugar". Pensei que seria perfeito porque eu sabia, uma vez que me acostumasse a ela, que ela sempre estaria indo para algum lugar, e ninguém seria capaz de pará-la.
Não sei o que eu esperava, mas andar foi muito difícil. Parece que um peso está preso ao seu joelho, e você está triturando seu joelho em uma superfície muito dura o dia todo. É muito desconfortável e realmente estranho, mas eles dizem que vou me fortalecer e serei capaz de aguentar mais. Andar é muito mais doloroso do que pensei que poderia ser.
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Ainda tenho que me beliscar para acreditar que isso realmente aconteceu. Quando fui para a minha consulta de fisioterapia naquele dia, não tinha ideia que eles me permitissem correr um pouco. Tinha desenvolvido uma bolha bem feia onde a prótese encosta na perna, e achei que ficaria fora de tudo, mas, quando vi, eu estava correndo no corredor!
Correr é muito difícil, e é algo que não estou acostumada a fazer. Parece que estou arrastando alguma coisa comigo. Mas a sensação de correr - mesmo que apenas por pequenos passos pelo corredor - foi o maior sentimento de todos. Passei por tanta coisa!
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10 de fevereiro de 2015: Voltando para Boston
Agora, vou para academia por duas horas e meia por dia e também faço mais uma hora de fisioterapia. Então, metade do dia, de todos os dias, é de treinamento para essa maratona. Estou aprendendo a andar e a correr ao mesmo tempo. Meu médico me disse que estou à frente do meu cronograma e que as coisas que estou fazendo agora, geralmente, as pessoas demoram seis meses para fazer, o que me dá esperança.
Nunca fui uma corredora. Na verdade, tentei participar de uma meia-maratona há alguns anos, mas odiei todos os minutos. Não entendia porque as pessoas corriam, especialmente por diversão. Mas a maratona é grande parte da minha vida agora, e sempre será.
Eu explodi, e eles tentaram me destruir. Essa é a minha maneira de mostrar a todo mundo que eles não vão me destruir, e que fiquei ainda mais forte por causa de tudo.
FONTE ESPNW

Um comentário:

  1. isto é acreditar fantástico esta é uma grande superação a vida não acaba em um acidente mulher guerreira, mulher não tem limite parabéns

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