terça-feira, 27 de agosto de 2013

Consladel recebe R$ 156 mil por dia de S.Bernardo     

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
Arquivo/DGABC
Cinco contratos vigentes da Consladel Construtora e Laços Detetores e Eletrônicas com o governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), renderam R$ 37,4 milhões para os cofres da empresa somente neste ano. Por dia, a prestadora de serviço investigada pelo Ministério Público por fraudes em licitações e lavagem de dinheiro recebeu R$ 155,9 mil só do município.
A quantia diária é próxima do que arrecada a Prefeitura de Rio Grande da Serra. Com Orçamento para 2013 previsto em R$ 60 milhões, a cidade comandada por Gabriel Maranhão (PSDB) acumula R$ 166,6 mil a cada 24 horas.
Com sede em São Bernardo, a Consladel possui cinco acordos em andamento com o governo Marinho: gestão do sistema de iluminação pública, prestação de serviço de sinalização turística, cessão de equipamentos para o viário urbano, fornecimento de materiais eletrônicos voltados à segurança do trânsito e distribuição e manutenção dos radares do município.
Na semana passada, a Justiça acatou ação protocolada pelo MP contra Jorge Marques Moura, conhecido como Jorginho, e Labib Faour Auad, proprietários da Consladel. Eles são acusados de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas servidores públicos para firmar contratos com diversas prefeituras e governos de Estado pelo País afora.
Segundo a promotoria de São Paulo, a dupla teria movimentado de maneira ilegal R$ 37,646 milhões. Atividades financeiras de outros R$ 30,1 milhões são “suspeitas” para o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
O MP continua apuração de suposta atuação de Jorginho junto ao governo da ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (PT) entre 2001 e 2004. Segundo denúncia feita à instituição, funcionários da administração petista cobravam R$ 1,4 milhão de propina para manter o contrato milionário.
De 2000 a 2011, conta a promotoria, a Consladel angariou R$ 72,73 milhões da prefeitura de São Paulo, nas gestões de Marta, José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD).
Jorginho também firmou acordos sob investigação com a prefeitura de Manaus, capital do Amazonas, com o Paço de Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, e com o Estado do Rio Grande do Sul. Procurada pela reportagem do Diário, a empresa não retornou aos contatos.
O contrato com a Prefeitura de São Bernardo garante à Consladel depósitos milionários numa única nota fiscal. No dia 22 de fevereiro, a empresa recebeu R$ 4 milhões pelo convênio de cessão de equipamentos para o viário. Pelo mesmo edital, um mês depois, o Paço depositou R$ 1,9 milhão na conta da prestadora de serviço. Em 14 de maio, ela angariou outros R$ 2,3 milhões pelo mesmo pregão.
O governo Marinho, por nota, informou que a Consladel não consta na lista de empresas apenadas pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e que está apta a concorrer em licitações públicas.
“A municipalidade esclarece que, segundo a Lei de Licitações, uma empresa somente será impedida de participar de licitação se houver a aplicações desta pena ou declaração de inidoneidade, por órgão de controle judicial ou administrativo ou pelas pessoas contratantes, caso que não ocorreu com a Consladel quando participou das licitações (em São Bernardo)”, respondeu.
Prestadora também tem acordo com Sto.André, Diadema S.Caetano e Mauá
Jorge Marques Moura, conhecido como Jorginho, e Labib Faour Auad, proprietários da Consladel Construtora e Laços Detetores e Eletrônicas, firmaram contratos com outras quatro prefeituras do Grande ABC, que renderam R$ 7,1 milhões neste ano – R$ 19.856,95 por dia.
Além da Consladel, Jorginho e Auad são sócios na Ensin (Empresa Nacional de Sinalização e Eletrificação), que presta serviços para Diadema e São Caetano. O governo de Lauro Michels (PV) pagou R$ 1,1 milhão para terceirizada, enquanto o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) depositou R$ 2,7 milhões nas contas da empresa.
Mauá e Santo André têm acordos diretos com a Consladel. O prefeito Donisete Braga (PT) transferiu R$ 982,9 mil à empresa investigada pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e corrupção. Da gestão Carlos Grana (PT), a Consladel recebeu R$ 2,4 milhões.




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