quinta-feira, 13 de abril de 2017


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Um dia após o início da divulgação dos dados da delação da Odebrecht, o PSDB reagia de forma descoordenada à saraivada de acusações sofrida pela sigla.
Até por não estar citado no caso, o prefeito paulistano, João Doria, é visto internamente como o grande beneficiário da confusão.
Nas palavras de um dirigente da sigla, "o partido está sendo dizimado" e seria preciso criar uma estratégia para evitar o mesmo destino do PT, que foi moído politicamente pela Lava Jato.
OPERAÇÃO LAVA JATO
O mesmo tucano diz que "a gravidade joga a favor" de Doria na eventual postulação à Presidência em 2018.
A delação atingiu em maior ou menor grau toda a cúpula tucana. Alvo de cinco pedidos de inquéritos e em situação grave, o presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG).
Vários de seus escudeiros estão na lista do ministro de Edson Fachin com pedidos de abertura de inquérito. Um deles pondera que pode haver arquivamentos e, no longo prazo, até absolvições, mas o impacto político é irreversível no primeiro momento.
No Senado, onde 6 dos 11 parlamentares tucanos foram parar na lista, o clima era de velório. Não houve quórum para sessões de comissões na quarta (12) e a dispersão era evidente. Alguns senadores ficaram de se falar ao vivo após o feriado da Páscoa.
Também no que internamente o partido chama de "lista da morte" dos políticos mais enrolados, o senador José Serra (SP) igualmente buscou refúgio em sua base.
Em reuniões separadas, assessores buscavam informações mais precisas sobre o teor das acusações nas delações, um pesadelo logístico já que a imprensa teve acesso primeiro aos dados.
Tucanos próximos do senador, como o chanceler Aloysio Nunes Ferreira e o deputado Jutahy Jr. (BA), também estão na lista.
Já o governador Geraldo Alckmin (SP), que até aqui só sofreu uma acusação, mas que envolve um cunhado seu, tentou manter a normalidade com agenda no interior paulista. Em Cerquilho, disse que os delatores "é que devem explicar "o teor da denúncia contra si.
Após passar a noite de terça (11) em reuniões e consultas com assessores do governo e de fora dele, Alckmin buscou demonstrar bom humor à sua equipe ao longo do dia. Seu caso será decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, onde tem foro.
SALVE-SE QUEM PUDER
Em comum aos três tucanos de alta plumagem sob fogo está a sensação de "salve-se quem puder". Não houve até aqui nenhuma coordenação entre eles, repetindo o padrão histórico de desavenças -apenas recentemente Aécio e Serra aproximaram-se para amarrar a participação tucana no governo Michel Temer (PMDB) e para tentar barrar as intenções de Alckmin de ser candidato em 2018.
Enquanto isso, em visita a Seul, Doria surfou como pôde e com o cuidado de não melindrar seu padrinho, o governador paulista.
Disse o óbvio, que o caso desgasta políticos tradicionais inclusive do PSDB, mas nesta hora obviedades indicam rumos, e ressaltou confiar que Alckmin é inocente.
Desde que emergiu como liderança potencial do partido para 2018, Doria tem mantido postura de candidato e ao mesmo tempo apregoado que seu voto é do padrinho.
Para reduzir a pressão e o escrutínio que acompanham sua condição, admitiu até aqui que poderia pleitear o governo do Estado.
No PSDB, apesar de a preocupação ser a defesa imediata, ao menos dois integrantes da cúpula avaliam que o partido terá de contar com Doria, em dupla ou não com Alckmin a depender da Lava Jato, para evitar que o partido seja desestruturado.
O antipetismo segue forte no Sul e Sudeste, como o panelaço durante o programa de TV petista na noite de terça lembrou. Não é casual que Doria critique Luiz Inácio Lula da Silva sempre que pode.
Hoje, o PT se fia na figura do ex-presidente, ele mesmo uma estrela da divisão sem foro privilegiado da lista de Fachin. Sob investigação em cinco casos, Lula pode até ficar inelegível se condenado em duas instâncias.
Fora do campo tucano, há três presidenciáveis potenciais que se beneficiam de ausência de complicação na Lava Jato até aqui.
Ciro Gomes (PDT) espera que Lula lhe dê apoio, Marina Silva (Rede) angustia seus simpatizantes por não se definir candidata e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se mantém nos 10% de intenção de voto com um discurso agressivo de extrema direita.
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INVESTIGAÇÃO
O ministro Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo Michel Temer (PMDB), 24 senadores e 39 deputados federais. Serão abertas 76 investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República após as delações da Odebrecht.
Entre os citados estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Dois dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secreraria-Geral), também estão na lista, que abrange ainda os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, do PMDB, e Aécio Neves (PSDB).
No total a relação tem 98 nomes e inclui três governadores e um ministro do Tribunal de Contas da União. Algumas suspeitas da Procuradoria são corrupção, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, fraude e cartel. Fachin remeteu 201 outros casos a tribunais de instâncias inferiores envolvendo citados sem foro no Supremo –entre os mencionados estão os ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso.
Os inquéritos iniciam longo trâmite. Investigarão o teor das delações, que precisarão de provas adicionais para tornar-se efetivas. Ainda há as fases de denúncia e do processo, com ampla defesa, antes do julgamento.
Chamada - A lista de Fachin


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