Alckmin usou cunhado para receber R$ 10,7 milhões, dizem delatores
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O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) recebeu R$ 10,7 milhões em caixa dois do departamento de propina da Odebrecht, segundo delatores da empreiteira.O acordo de delação homologado pelo Supremo Tribunal Federal diz que um cunhado de Alckmin teria recebido "pessoalmente parte desses valores". Trata-se do empresário Adhemar Cesar Ribeiro, irmão da primeira-dama paulista, Lu Alckmin.
O documento afirma que R$ 2 milhões foram aplicados na campanha do tucano ao Palácio dos Bandeirantes em 2010 e o restante na de 2014, "todas somas não contabilizadas", ou seja, caixa dois.
Houve também doação oficial de R$ 400 mil, de acordo com depoimentos de três delatores: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, ex-presidente de uma das empresas do grupo, e os executivos Carlos Armando Guedes Pachoal, o CAP, e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva.
Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress | ||
O governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes |
Cabe ao STJ investigar os governadores. Outros três também entraram na mira da Procuradoria-Geral da República: Renan Filho (PMDB), de Alagoas, Tião Viana (PT), do Acre, e Robinson Faria (PSD), do Rio Grande do Norte. As denúncias relativas a eles vão correr no STF, pois seus casos têm conexão com investigados com foro perante do Supremo.
A investigação de Renan Filho vai correr junto à do pai, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). No caso de Tião Viana, a ligação é com o irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC). O de Robinson Faria cruza com o do deputado Fábio Faria (PSD-RN), seu filho.
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Sobre os irmãos Viana: delatores relataram a campanha de Tião em 2010 ganhou R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 (R$ 500 mil "de modo oficial"), a pedido de Jorge. "Tais valores teriam sido descontados da cota global do PT, intitulada 'planilha italiano', sendo que o pagamento teria contado com a anuência de Antonio Palocci [ex-ministro petista]", diz o despacho de Fachin com base no pedido da Procuradoria.
A injeção de recursos para Robinson e a ex-governadora do RN e hoje prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini (PP), investigada no mesmo inquérito, teria chegado a R$ 350 mil.
Renan Filho supostamente recebeu doações –esses valores não foram especificados. Parte da recente hostilidade de seu pai com Michel Temer é associada a uma manobra para reeleger o filho em Alagoas. Renan pai tem criticado a aproximação do presidente com rivais eleitorais do clã no Estado.
Dos 12 governadores procurados pela Folha, manifestaram-se Geraldo Alckmin, Raimundo Colombo, Renan Filho e Tião Viana, que negaram irregularidades. "Estou longe desta podridão", disse o acriano.
Já Alckmin declarou: "Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei".
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