quarta-feira, 12 de abril de 2017

Até picolé santo

Alckmin usou cunhado para receber R$ 10,7 milhões, dizem delatores


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O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) recebeu R$ 10,7 milhões em caixa dois do departamento de propina da Odebrecht, segundo delatores da empreiteira.
O acordo de delação homologado pelo Supremo Tribunal Federal diz que um cunhado de Alckmin teria recebido "pessoalmente parte desses valores". Trata-se do empresário Adhemar Cesar Ribeiro, irmão da primeira-dama paulista, Lu Alckmin.
O documento afirma que R$ 2 milhões foram aplicados na campanha do tucano ao Palácio dos Bandeirantes em 2010 e o restante na de 2014, "todas somas não contabilizadas", ou seja, caixa dois.
Houve também doação oficial de R$ 400 mil, de acordo com depoimentos de três delatores: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, ex-presidente de uma das empresas do grupo, e os executivos Carlos Armando Guedes Pachoal, o CAP, e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva.
Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress
O Governador Geraldo Alckmin durante lançamento do novo aplicativo da Nota Fiscal Paulista, no Palácio dos Bandeirantes, na manhã desta quinta-feira, 09.
O governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes
O ministro do STF Edson Fachin mandou para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) as citações dos delatores feitas a Alckmin e oito governadores, de todos os matizes políticos: Paulo Hartung (PMDB), do Espírito Santo; Beto Richa (PSDB), do Paraná; Fernando Pimentel (PT), de Minas; Flavio Dino (PCdoB), do Maranhão; Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio; Marconi Perillo (PSDB), de Goiás; Raimundo Colombo (PSD), de Santa Catarina; e Marcelo Miranda (PMDB), do Tocantins.
Cabe ao STJ investigar os governadores. Outros três também entraram na mira da Procuradoria-Geral da República: Renan Filho (PMDB), de Alagoas, Tião Viana (PT), do Acre, e Robinson Faria (PSD), do Rio Grande do Norte. As denúncias relativas a eles vão correr no STF, pois seus casos têm conexão com investigados com foro perante do Supremo.
A investigação de Renan Filho vai correr junto à do pai, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). No caso de Tião Viana, a ligação é com o irmão, o senador Jorge Viana (PT-AC). O de Robinson Faria cruza com o do deputado Fábio Faria (PSD-RN), seu filho.
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Sobre os irmãos Viana: delatores relataram a campanha de Tião em 2010 ganhou R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 (R$ 500 mil "de modo oficial"), a pedido de Jorge. "Tais valores teriam sido descontados da cota global do PT, intitulada 'planilha italiano', sendo que o pagamento teria contado com a anuência de Antonio Palocci [ex-ministro petista]", diz o despacho de Fachin com base no pedido da Procuradoria.
A injeção de recursos para Robinson e a ex-governadora do RN e hoje prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini (PP), investigada no mesmo inquérito, teria chegado a R$ 350 mil.
Renan Filho supostamente recebeu doações –esses valores não foram especificados. Parte da recente hostilidade de seu pai com Michel Temer é associada a uma manobra para reeleger o filho em Alagoas. Renan pai tem criticado a aproximação do presidente com rivais eleitorais do clã no Estado.
Dos 12 governadores procurados pela Folha, manifestaram-se Geraldo Alckmin, Raimundo Colombo, Renan Filho e Tião Viana, que negaram irregularidades. "Estou longe desta podridão", disse o acriano.
Já Alckmin declarou: "Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei". 

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