Acidente como de Campos é o que mais mata
Maioria das ocorrências (43%) acontece no segmento aviação geral
Por: Fernando Granato
fernando.granato@diariosp.com.br
Uma pessoa morre, em média, de acidente aéreo a cada cinco dias
no Brasil e 43% desses desastres são ocasionados pela aviação geral, ou
particular, como era o caso do voo que vitimou o candidato do PSB à
Presidência, Eduardo Campos. As informações são do Cenipa (Centro de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão do Ministério
da Defesa), que registrou 163 acidentes no ano passado, com 72 mortes.fernando.granato@diariosp.com.br
De acordo com o órgão, os fatores que mais contribuíram para os acidentes foram julgamento de pilotagem (as decisões tomadas por cada piloto), falta de supervisão gerencial, planejamento errado de voo, aspectos psicológicos, falha na aplicação dos comandos, indisciplina de voo, manutenção ineficiente da aeronave e pouca experiência dos pilotos.
Apesar dos números elevados, o Cenipa salienta que houve queda nos casos de acidentes e mortes em comparação com 2012. Naquele ano ocorreram 178 acidentes e 78 mortes. “Em comparação com 2012, o número de acidentes da aviação geral caiu 4,6%, táxi aéreo, 29%, e aviação regular (transporte de carreira de passageiros), 50%”, disse.
Apesar dessa queda, o segmento aeronáutico demonstra preocupação. “O setor de aviação civil está ameaçado no Brasil pela falta de uma política pública para a área”, afirmou Humberto Branco, vice-presidente da APPA (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves). De acordo com a Abtaer (Associação Brasileira de Táxis Aéreos ), o aumento no número de acidentes com jatinhos de empresários tem engrossado as estatísticas. “O empresário usa o avião particular, mas para reduzir os custos de manutenção, acaba alugando o jatinho como táxi aéreo, muitas vezes sem seguir as normas da aviação comercial, o que provoca acidentes e mortes”, disse.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em Brasília, abriu nesta quinta-feira (14), a caixa-preta do jato Cessna 560 XL onde estava o presidenciável Eduardo Campos (PSB). O equipamento gravou todas as conversas realizadas nas duas últimas horas de voo. Caso a memória onde estão os arquivos de áudio estejam danificadas, eles podem ser tratados por outro sistema. O objetivo principal desse trabalho é saber exatamente o que o piloto falou com a torre de controle antes do procedimento de pouso. Em uma conversa divulgada pelo site Radar Box Brasil, que monitora diálogos entre aeronaves e controladores de voo, o comandante Marcos Martins, de 42 anos, avisa que vai precisar arremeter (procedimento de segurança quando o piloto se vê diante de alguma condição que ponha em risco a aterrisagem), mas não relata qualquer problema na aeronave. Tranquilo, ele avisa que fará o procedimento. Em seguida o jato desaparece do radar, caindo em cima das residências.
A caixa-preta da aeronave foi encontrada pelas equipes da Aeronáutica ainda na quarta-feira e chegou a Brasília na madrugada de quinta. Não há prazo para conclusão da investigação, segundo a Aeronáutica.
Os piloto do avião que caiu com Eduardo Campos havia dito nas redes sociais que estava muio cansado. Isso é generalizado entre os pilotos?
MATEUS GHISLENI_ Fadiga é um problema da aviação mundial, não só no Brasil. Estamos trabalhando para mudar a nossa legislação neste sentido.
O problema é pior na aviação executiva?
Sim. Na aviação regular, nos voos de carreira, a tripulação recebe a escala de voo no início de cada mês e cada um faz a sua programação. Na aviação executiva, o piloto fica à mercê dos horários do patrão ou do cliente e além do mais é muito mais difícil a fiscalização.
Existem dados que comprovam a fadiga como agente de acidentes?
Sim. Ocorrências que não eram para ser graves em situações normais ganham outra dimensão quando o piloto está cansado, exausto.
Em época de eleição é comum pilotos cumprirem jornadas elevadas?
Isso é muito comum. Para cumprir a agenda dos candidatos há muitos abusos.
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