Por aqui as margens de lucro podem chegar a 10%. O dado vem de um levantamento feito pela consultoria IHS, que também apontou uma margem média mundial de 5%, enquanto nos EUA é de apenas 3% — embora seja importante notar o volume de produção americano, que permite margens menores para lucrar em escala.
Os impostos por sua vez, correspondem a 29% dos preços na Argentina e de 6 a 9% nos EUA, enquanto a média mundial fica em 16%. No Brasil esse número é duas vezes maior: 32%. Isso sem falar em medidas protecionistas, como o Imposto de Importação e o “super IPI” para os carros de fabricantes que não produzem no Brasil, o que ajuda a nivelar os preços por cima.
Ainda há a questão do custo de produção. Em 2011 a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro fez um levantamento sobre o custo da energia industrial em 27 países que revelou que o Brasil tem a quarta tarifa de consumo industrial mais cara do grupo, ficando apenas atrás da Itália, República Tcheca e Turquia. Nos EUA o custo do megawatt-hora (MWh) é de 125 reais; na China, 142 reais; na Coreia, 171 reais; na Alemanha, 213 reais; e no Brasil 329 reais. Isso significa que a energia elétrica necessária para usar exatamente os mesmos pontos de solda de uma estrutura fabricada na Alemanha fica 55% mais cara no Brasil.
Além disso, temos os encargos trabalhistas mais altos do mundo industrializado, como mostra um levantamento feito pela rede mundial de auditoria e contabilidade UHY em 2013. No Brasil, paga-se 57,56% do valor bruto do salário em tributos, enquanto a média global é de 22,52%. Com um custo elevado, fica mais caro produzir carros baratos, o que acaba jogando o preço dos carros intermediários e topo-de-linha ainda mais para cima.
Independentemente de qual seja a sua opinião nessa discussão, todos concordam ao menos em uma coisa: eles são caros demais por aqui. Especialmente se você comparar o salário médio do brasileiro, que chegou a R$ 1.166 em 2014 com o da população de outros países com quem mantemos relações comerciais no ramo automotivo, como o México, os EUA e a Argentina, que têm salários médios de US$ 609 (R$ 1.475), US$ 3.263 (R$ 7.905) e US$ 593 (R$ 1.438) respectivamente. Sim, ganhamos menos que os argentinos e os mexicanos, em média.
Mas como estatísticas são apenas estatísticas, achamos melhor mostrar o que isso tudo significa na prática. Para isso, selecionamos alguns dos modelos vendidos por aqui que também podem ser encontrados em outros países. Alguns deles são fabricados aqui e exportados para o México e Argentina. Outros são importados de lá para o Brasil, e ainda há os modelos produzidos localmente em cada mercado. Veja como eles se comparam:
Volkswagen Gol 1.6 Trendline / CL 1.6
Preço no Brasil: R$ 38.820
Preço no México: R$ 27.271
Preço na Argentina: R$ 27.881
Chevrolet Montana 1.4 / Tornado 1.8
Preço no Brasil: R$: 36.800
Preço no México: R$ 35.089
Preço na Argentina: R$ 36.077
Chevrolet Cruze 1.8 automático
Preço no Brasil: R$ 86.900
Preço no México: R$ 40.926
Preço nos EUA: R$ 44.435
Preço na Argentina: R$ 79.053
Ford Fiesta SE 1.6 automático
Preço no Brasil: R$ 53.900
Preço nos EUA: R$ 37.786
Preço no México: R$ 40.050
Preço na Argentina: R$ 55.720
Honda Civic EX/LXS
Preço no Brasil: R$ 65.900
Preço nos EUA: R$ 51.320
Preço no México: R$ 53.200
Preço na Argentina: R$ 66.800
Chevrolet Camaro SS
Preço no Brasil: R$ 222.000
Preço nos EUA: R$ 86.702
Preço no México: R$ 101.620
Preço na Argentina: R$ 230.108
Ford Ranger XLT Diesel Manual
Preço no Brasil: R$ 113.170
Preço na Argentina: R$ 105.960
Jeep Cherokee Limited
Preço no Brasil: R$ 177.000
Preço nos EUA: R$ 75.330
Preço no México: R$ 77.815
Fiat 500C 16v automático
Preço no Brasil: R$ 66.300
Preço nos EUA: R$ 54.500
Preço no México: R$ 57.000
Preço na Argentina: R$ 65.000
Ford Fusion EcoBoost
Preço no Brasil: R$ 108.700
Preço nos EUA: R$ 75.510
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