segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cheques sobrevivem mesmo com queda brusca em seu uso
          
Denis Maciel/DGABC
Mesmo com uma queda média mensal considerável de folhas compensadas nos últimos 12 anos, o cheque é um meio de pagamento que promete ter vida útil a perder de vista, dizem especialistas. Entre os fatores que sustentam essa longevidade estão os pagamentos das empresas em alto valor, a utilização da forma de liquidação de dívida no Interior e a falta de interesse de micro e pequenos empresários de gastarem com taxas de administração de cartões quando se protegem consultando as informações dos clientes.
Conforme dados da Serasa Experian, entre janeiro e julho de 2001, o volume de cheques compensados no Estado de São Paulo atingiu 633 milhões de folhas. Neste ano, considerando o mesmo período, diminuiu para 188 milhões. A redução média mensal neste intervalo atingiu 37 milhões. E, com base na série histórica, o meio de pagamento não teria vida após 2018. Mas houve uma desaceleração no decréscimo. Entre os primeiros sete meses de 2013 contra igual período do ano anterior, a redução foi de 8 milhões.
O pedreiro Mizael Tales Dias, que mora em Mauá, exemplifica um dos motivos que tiram o interesse de muitas pessoas pelo cheque. “Eu recebi muitos cheques sem fundos como pagamento.” Hoje, ele só trabalha com pagamento em dinheiro – a propósito, aceitar cheque é uma opção do prestador de serviço ou comércio, que não são obrigados a aceitar a folha.
O mesmo ocorre com vários micro e pequenos empresários. Porém, o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges, salienta: “Quando o comerciante consulta o CPF, se ele tem a segurança de aceitar o cheque, terá menor custo do que com o cartão e a maquininha”. E, no caso do Interior, acrescenta, os negócios de menor porte acabam utilizando o meio porque conhecem bem a sua clientela, já que existe menos rotatividade do que nas regiões metropolitanas.
“Recentemente, a queda se estabilizou. Mas, de três ou quatro anos para cá, caiu pela metade (o número de cheques compensados) no País”, destaca o economista Flávio Calife, da Boa Vista Serviços. Ele diz, entretanto, que a continuidade dos talões é estimulada porque pequenas empresas liquidam suas contas de altos valores com os cheques.
MODERNIDADE - A coordenadora do curso de Ciências Contábeis da Fundação Santo André, Verenice Garcia, observa que a modernização do sistema financeiro, com a massificação dos cartões e os pagamentos com depósito em conta corrente para os aposentados, que já recebem um plástico quando abrem uma conta, estimulam o fim do cheque. “Isso vem sendo previsto há muitos anos. Mas mesmo em países que têm meios de pagamentos mais avançados, ele ainda existe. Por isso, é difícil prever o fim.”
Para o diretor adjunto de serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Walter de Faria, “apesar de todos os meios eletrônicos, muita gente ainda prefere o cheque.” Em alguns estabelecimentos, inclusive, é oferecido aos clientes desconto no pagamento com dinheiro ou cheque – para não dizer que estão cobrando mais caro pelo pagamento com cartão, a fim de bancar as taxas de administração, o que é proibido.

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