segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Morador sofre com ônibus na periferia de S.Bernardo
 

               
Do Diário do Grande ABC
Denis Maciel/DGABC
Moradores dos bairros mais afastados de São Bernardo sofrem para se locomover pela cidade nos ônibus municipais. A distância do Centro traz problemas como superlotação e longo tempo de espera, além de percursos demorados. A equipe do Diário flagrou a condição precária enfrentada pelos passageiros de quatro áreas longínquas do município: Alvarenga, Riacho Grande/Pós-balsa, Baraldi/Selecta e Batistini.
Em pesquisa divulgada pelo Diário, em junho, sobre avaliação de governo do prefeito Luiz Marinho (PT), o transporte público aparece como um dos três piores serviços oferecidos pela Prefeitura, recebendo nota 4,7 dos entrevistados.
A operadora de telemarketing Gabriela Calemusti, de 22 anos, que mora no bairro Capivari, região do Riacho Grande, afirmou que para chegar no serviço às 17h tem de sair de casa às 14h40. Ela utiliza a linha 6, que vai da Balsa João Basso ao Centro. “O serviço é horrível. Vivemos muitos problemas com ônibus, que já sai do ponto lotado. A espera é de 45 minutos. De sábado e domingo a coisa é ainda pior. Pelos R$ 3 que pagamos, deveríamos ter um pouco mais de conforto”, reclamou.
Segundo a Prefeitura, na região do Riacho Grande 657,5 mil pessoas, em média, utilizam o transporte público municipal por mês. Oito linhas, num total de 38 veículos, circulam pelo bairro. Ou seja, cada coletivo transporta média de 576 pessoas diariamente em diversas viagens. A equipe do Diário percorreu na linha 6 e levou cerca de 40 minutos para chegar ao Centro.
Para quem mora na região do pós-balsa a situação é ainda pior. Os moradores dizem que ficam até uma hora e meia à espera do coletivo. “Aqui é muito ruim, porque tem poucos ônibus. Em horário de pico é cruel, tem tanta gente que, às vezes, não dá para pegar o ônibus de tão cheio que está. Se isso acontece, temos de esperar mais de uma hora pelo próximo. De fim de semana, a espera quase chega a três horas no ponto”, afirmou a ajudante geral Maria Nilza Alves Porto, 51, que mora no bairro Tatetos.
De acordo com a administração municipal, no pós balsa, 80 mil usuários trafegam pelos coletivos municipais mensalmente. A área é atendida por apenas uma linha, com seis veículos que levam cerca de 2.600 pessoas por dia cada.
Lotação e longo tempo de espera também são as reclamações dos moradores do Jardim Represa, na região do Batistini. “O transporte aqui é horrível. Têm poucos ônibus e eles estão sempre lotados. Além disso, só passa mircro-ônibus, raramente passa algum veículo grande”, relatou a operadora de caixa Mara de Souza, 26.
No bairro Baraldi, os moradores precisam contar com a ajuda dos vizinhos. “Se precisar de algo urgente, temos de recorrer aos amigos e pedir carona para quem tem carro. Se depender do ônibus, morremos aqui. Chegamos a esperar duas horas pelo transporte, que deveria passar de hora em hora”, reclamou o eletricista Ludergenio Balbino Anatorio, 34 anos.
A SBC Trans, empresa que opera o sistema de ônibus municipal, já recebeu aproximadamente R$ 20 milhões da Prefeitura neste ano. O valor é correspondente à média mensal de 800 mil usuários que são isentos do pagamento da tarifa, conforme a legislação municipal.
Sobre as reclamações dos usuários, a concessionária somente informou que “os serviços prestados, além de eficientes e seguirem os mais elevados padrões de qualidade do mercado, têm como objetivo o constante aperfeiçoamento e a melhoria do transporte público.”
Prefeitura prevê melhorias no sistema
A Prefeitura de São Bernardo promete melhorias ao transporte público municipal. Uma das medidas será aumentar o número de veículos em circulação em algumas áreas da cidade. No entanto, o Executivo alega que o aprimoramento do sistema não se resume a ampliar a quantidade de ônibus, pois considera que, na maioria das vezes, o problema não é fruto de falta de coletivos.
Segundo o Executivo, os congestionamentos constantes na cidade condicionam o desempenho das linhas, já que os ônibus são alocados conforme as demandas de cada região.
O plano diretor de São Bernardo, promulgado em dezembro de 2011, estabeleceu como política municipal de mobilidade urbana a priorização da circulação do transporte coletivo e do modo a pé sobre o transporte individual motorizado na ordenação do sistema viário.
O município tem o seu PDTU (Plano Diretor de Transporte Urbano), que trata dos modos de transporte urbano (pessoas e cargas). Nele, a prioridade de circulação é total ao transporte coletivo. Um dos componentes desse plano é a implantação dos corredores de transporte coletivo, que, segundo a Prefeitura, dará maior velocidade aos ônibus, redução do tempo de viagem, regularidade nos horários e conforto. Estão previstos 12 faixas exclusivas para coletivos na cidade.
Outro componente do plano é a implementação do Metrô em São Bernardo. A Linha 18-Bronze, que está prevista para iniciar obras em 2014 e ser entregue em meados de 2016 pelo governo estadual, teve projeto funcional arcado pela Prefeitura. O trecho, que ligará a Capital ao Grande ABC por meio de sistema monotrilho, passando por Santo André e São Caetano, deverá transportar cerca 314 mil passageiros por dia.
O Executivo considera que esses novos equipamentos de Mobilidade Urbana formam contexto estrutural e de médio prazo voltados ao transporte coletivo na cidade.
A curto prazo, a Prefeitura promete algumas medidas operacionais, como faixas preferenciais em determinados horários, ajustes semafóricos com prioridade à circulação dos ônibus, sinalização específica para o ordenamento da circulação dos coletivos e regular monitoramento e fiscalização das linhas.


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