Publicado em 24/05/2013 09:20
Última atualização às 10:30
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Nas oficinas, os alunos aprendem os conceitos do cinema. Os responsáveis estão se reaproximando dos moradores dos Conjuntos Habitacionais - Foto: Natália Petrosky/RRJ
RODRIGO MASAIA
Do Rudge Ramos Jornal*
Do Rudge Ramos Jornal*
Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. A célebre frase do cineasta Glauber Rocha pode até ser considerada clichê, mas resume perfeitamente qual é o objetivo do “Ponto de Cultura Filme-se”. O projeto, que é realizado desde 2012, oferece oficinas gratuitas de cinema para os moradores dos bairros da região do Alvarenga, em São Bernardo.
As oficinas acontecem semanalmente. Segundo o responsável pelas atividades, Tato Oliveira, 43, o objetivo vai além de formar profissionais na área. “Nós queremos que os moradores mostrem a sua própria realidade, ressaltando o protagonismo deles na comunidade e reflitam sobre sua própria situação, para cobrar melhorias dos governantes”, afirmou.
O projeto tem duração de três anos. Conta com recursos do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura de São Bernardo, num total de R$ 180 mil, e é oferecido pela Apaces (Associação Promotora de Atividades Culturais, Educacionais e Sociais).
Porém, de acordo com o presidente da associação, Gilson Fernandes, não há qualquer intervenção estatal na produção do conteúdo. “A única atuação dos governos municipal e federal é na fiscalização do uso correto da verba, que é pública. Fora isso, eles só exigem que o planejamento apresentado seja seguido”, explicou.
Seguindo esse planejamento, o primeiro documentário já tem nome: “Morada”. Em fase de produção, visa mostrar as mudanças e as dificuldades enfrentadas por quem mora ou morava em áreas de risco da região (em geral à beira de córregos) sujeitas à falta de estrutura urbana e a constantes enchentes.
Grande parte dessas pessoas está sendo reassentada em conjuntos habitacionais que estão sendo construídos com recursos do PAC-Alvarenga (Programa de Aceleração do Crescimento – Alvarenga).
Essa mudança acabou prejudicando o andamento das oficinas. Até o início de 2013, elas aconteciam em uma subsede da Apaces, localizada no Jardim do Lago, mais próxima das áreas de risco. Agora, os moradores estão se mudando para o Conjunto Habitacional Três Marias, a quase cinco quilômetros de distância.
Por esse motivo, os responsáveis pelo projeto estão levando as oficinas para o CEU (Centro Educacional Unificado) Alvarenga, que fica ao lado do conjunto. Além disso, estão em processo de reaproximação com a comunidade, para reencontrar os mais de 150 participantes que assistiam às aulas no Jardim do Lago e agora moram no Três Marias.
CINEMA NA COMUNIDADE
CINEMA NA COMUNIDADE
Outra frente de trabalho do Ponto de Cultura é a exibição gratuita de filmes para a população. De acordo com Tato, as projeções já reuniram aproximadamente 1.200 pessoas desde o começo do projeto. “Nós procuramos mostrar produções nacionais, em geral curtas-metragens, que saem do padrão dos filmes mais comerciais que são exibidos nas grandes redes de cinema”, explicou.
No início de abril, a exibição do curta “BMW Vermelho”, realizada no CEU Alvarenga, reuniu quase 600 pessoas. Também já foram exibidos filmes como "Rio" e "VIPs".
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*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo
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