Jovem fora da escola é homem, negro, pobre e mora no campo
As informações foram obtidas nos microdados do Censo Demográfico de 2010 e compiladas no estudo "O enfrentamento da Exclusão Escolar no Brasil", da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, apresentado nessa segunda-feira (27) no 6° Fórum Nacional Extraordinário da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação).
"Os mais excluídos da escola são aqueles historicamente excluídos de toda a sociedade. Não será só a educação quem vai dar conta dessa questão, precisa-se de políticas articuladas de diferentes esferas para dar conta desse problema", afirma a representante da Unicef no Brasil Júlia Ribeiro.
Júlia afirma que as soluções são diversas conforme as barreiras identificadas em cada caso, que podem ser o transporte escolar, a falta de vagas, a repetência, entre outras. Ela destaca ainda a necessidade de políticas específicas voltadas a crianças de área rural, deficientes, indígenas e quilombolas.
Ensino infantil e médio são principais desafios
A faixa etária entre 4 e 5 anos é a com mais baixa frequência à escola (80,1%). Nessa fase, o desafio ainda é de universalização do ensino. Os municípios têm até 2016 para colocar toda criança nessa idade dentro do sistema escolar.Alvo de políticas específicas há mais tempo, as faixas entre 6 e 10 anos e entre 11 e 14 anos têm os maiores índices de frequência escolar, 97,2% e 96,1% respectivamente.
Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, há 1,7 milhão de jovens fora da escola. A faixa, que deveria equivaler ao ensino médio, tem frequência escolar de 83,3%.
O Censo mostra que, nessa idade, há uma pressão do mercado de trabalho sobre os estudantes que pode tirá-los da escola. Em 2010, 30,2% dos jovens dessa faixa etária tinham uma ocupação.
Os dados sobre os jovens dessa idade fora da sala de aula mostram também que há uma predominância do abandono escolar entre os mais pobres: 21,1% dos adolescentes de famílias com renda per capita abaixo de ¼ de salário mínimo estavam fora da escola em 2010.
"Se você vai trabalhar com adolescentes, vai perceber que há uma questão que são os jovens que trabalham. E de que forma a escola acolhe esse adolescente que trabalha? De que forma o currículo dela considera a realidade deste aluno? Muitas vezes a escola planeja um trabalho que não é para esse aluno real", critica.
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