domingo, 11 de maio de 2014


Maioria dos brasileiros é contra regra do voto obrigatório, afirma Datafolha

do BOL, em São Paulo
A pesquisa Datafolha concluída na última quinta-feira aponta que 61% dos eleitores rejeitam a imposição do voto obrigatório, regra prevista no artigo 14 da Constituição. Nunca tantos brasileiros foram contra o voto obrigatório, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.
Atualmente, o voto é facultativo só para analfabetos, pessoas com mais de 70 anos e os que têm 16 ou 17 anos. No entanto, o levantamento mostrou que se tivessem opção, 57% dos eleitores não votariam no próximo dia 5 de outubro, outro recorde.
A pergunta sobre comparecimento é feita desde 1989, mas nas investigações anteriores, o total dos que não votariam se não houvesse obrigatoriedade nunca ultrapassou 50%.
A pesquisa também mostrou que os maiores índices de oposição à obrigatoriedade do voto não estão entre os eleitores mais os jovens.
No grupo dos que têm entre 16 e 24 anos, a rejeição é de 58%, um índice alto em relação aos padrões anteriores, mas no eleitorado mais maduro, de 45 a 59 anos, a opinião desfavorável à obrigatoriedade é ainda maior e passa para 68%.
Em relação à renda e à escolaridade, a pesquisa apontou que quanto mais rico e escolarizado, maior a rejeição. Entre os que têm renda familiar mensal acima de dez salários mínimos, 68% são contra. Entre os que têm ensino superior, 71% rejeitam.
O Datafolha ouviu 2.844 pessoas em 7 e 8 de maio. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
Em entrevista para a Folha, o cientista político Humberto Dantas, professor do Insper, em São Paulo, disse que esses resultados podem ser expressão de um aumento de descrédito nas instituições. "Há uma tendência de descrença que não ocorre só no Brasil", revelou. "Na Europa isso é muito forte, especialmente após a crise de 2009".
Outra possibilidade, segundo Dantas, seria uma associação "indevida" entre interesse pelo voto e satisfação com os governos. Funcionaria assim: se a administração do momento é bem avaliada, o interesse pelo voto sobe; se é mal avaliada, o interesse cai.
"Acho preocupante. Teria que verificar se as pessoas não estão sabendo separar as duas coisas", afirma.
O cruzamento com a pesquisa de intenção de voto ainda revelou que a obrigatoriedade desfavorece a presidente Dilma Rousseff, líder com 37% no cenário mais provável. Entre os eleitores de Dilma, 43% dizem que não compareceriam às urnas se a eleição não fosse obrigatória. 
Entre os adeptos dos rivais da petista, a proporção dos que não votariam é bem maior. No grupo que apoia Aécio Neves (PSDB), que tem 20% das intenções de voto, 58% deixariam de votar sem a obrigatoriedade. Entre os adeptos de Eduardo Campos (PSB), que tem 10%, 62% faltariam.


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