quinta-feira, 11 de junho de 2015

 Reforma política brasileira adota regras inexistentes no resto do mundo

A principal mudança será a substituição do modelo atual de eleição

O relatório da comissão da reforma política, que será votado nesta terça-feira (19) na Câmara Federal, vai na contramão dos modelos eleitorais discutidos e usados em todas as democracias modernas. O modelo do “distritão” e eleições sempre coincidentes para todos os níveis de governo não existem em praticamente nenhum lugar do mundo. Aqui, não se trata de uma inovação: na verdade, o modelo é único porque faz pouco sentido do ponto de vista democrático.
A principal mudança será a substituição do modelo atual de eleição de deputados e vereadores, o chamado voto proporcional em lista aberta, pelo modelo do “distritão” – que não deve ser confundido com o voto distrital. Esse novo modelo é o mais simples possível: os eleitos são os candidatos com maior número de votos. Por exemplo, o Paraná tem 30 cadeiras na Câmara Federal, e os eleitos seriam os 30 candidatos que receberam mais votos.
Apesar de ser simples, esse sistema não é usado em nenhuma democracia moderna ocidental: hoje, apenas Afeganistão e Jordânia usam esse modelo de maneira uniforme. Isso acontece porque não há qualquer vantagem além da simplicidade. A tendência é o enfraquecimento dos partidos, da representação regional e o fortalecimento apenas dos candidatos “bons de voto”.
Outra “inovação” do Congresso é o estabelecimento de eleições simultâneas, com mandatos de cinco anos e sem reeleição para cargos no Executivo. Isso significa que, a cada cinco anos, votaríamos do vereador ao presidente. Para quem defende o modelo, isso reduz os custos operacionais das eleições e facilita as relações intergovernamentais.
Trata-se de algo inédito. Como são esferas diferentes de poder, com competências distintas, faz muito mais sentido que esses debates sejam feitos cada um em seu momento específico. Em eleições concomitantes, é provável que o debate presidencial “sufoque” as discussões internas de cada município – parte da população votaria no prefeito e no vereador não por suas propostas, mas por seu alinhamento com outros níveis de governo.

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