Documentos mostram que Maluf admitiu ter dinheiro em contas no exterior
se quiser pegar ladrão não um"
do BOL, em São Paulo
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, desde que a existência do dinheiro foi revelada, há quase 13 anos, Paulo Maluf nunca admitiu publicamente ser o proprietário desses recursos. A defesa do político insiste que em todas as manifestações sobre o caso que ele "não tem e nunca teve contas no exterior".
No entanto, a sentença da corte da Ilha de Jersey, que, no ano passado, condenou as empresas da família Maluf a devolver US$ 32 milhões (cerca de R$ 75 milhões), descreve em detalhes tratativas do político e seus advogados com o banco e não deixa dúvidas sobre a ligação de Maluf com os recursos.
As autoridades da ilha concluíram que o dinheiro foi desviado de obras construídas quando Paulo Maluf foi prefeito da cidade de São Paulo, entre 1993 e 1996.
Em 1999, o Deutsche começou a questionar a origem dos recursos, época em que uma nova lei contra lavagem de dinheiro em Jersey obrigou os bancos a conhecer melhor seus clientes.
O banco alemão movimentou recursos de quatro empresas administradas pela família Maluf e em uma das cartas enviadas aos advogados de Maluf chegou a dizer que a quantia movimentada por uma dessas empresas "foi além do que pode ser considerado normal".
Flávio, filho de Paulo Maluf, trocou cartas com o banco afirmando que parte do dinheiro representava recursos aplicados por ele e o pai em fundos de investimento. O Deutsche, entretanto, insistiu em obter "uma explicação sobre a origem dos fundos em cada caso", além de afirmar que sua assessoria jurídica já havia recomendado o congelamento dos recursos das empresas.
Um dos advogados de Maluf pediu mais tempo e lembrou o banco que "a exigência de confidencialidade da família Maluf é imperativa".
Em maio de 2000, Paulo Maluf reuniu-se com seus advogados em Monte Carlo, onde falou sobre sua trajetória e deu explicações sobre um processo judicial recente contra ele.
A reunião acabou provocando uma nova troca de correspondências entre a família Maluf e o banco. Flávio Maluf chegou a escrever que o dinheiro era de comissões obtidas por ele e o pai em negócios particulares. Além de afirmar que a família estava "extremamente chateada" com as cobranças feitas pelo banco, e que eles queriam encerrar logo esse "infeliz episódio".
Em fevereiro deste ano, o Deutsche Bank decidiu pagar uma indenização de US$ 20 milhões (cerca de R$ 47 milhões) aos cofres públicos brasileiros com o objetivo de evitar uma ação do Ministério Público Estadual na Justiça.
Ao ser consultado pela Folha de S.Paulo sobre a sentença da Ilha de Jersey, no entanto, Adilson Laranjeira, assessor do deputado Paulo Maluf afirmou apenas que "a reportagem se baseia em documento sem identificação e apócrito [falso, ou sem autoria conhecida], e foi feita para vender jornal".
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