Os governos federal e estadual desconsideraram pedido aprovado nesta segunda-feira, 31, pelo Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) de aumento do volume de água liberado para as cidades da região de Campinas, de onde é retirada a água do Sistema Cantareira. O órgão solicitou a liberação de 4 mil litros de água por segundo, mas obteve apenas 3 mil litros por segundo para o mês de abril. Com esse limite de vazão para as cidades do interior, aumenta o risco de racionamento por causa do período de estiagem (que vai de abril até setembro). "Nos períodos de estiagem as cidades da bacia do PCJ necessitam de até 12 mil litros de água por segundo do Cantareira", afirmou Francisco Lahóz, secretário-executivo do Consórcio da Bacia do PCJ - entidade que representa municípios e empresas usuárias da água da bacia.Em nota conjunta divulgada ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do Estado, a bacia do PCJ terá direito até no máximo 3 mil litros por segundo e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) pode retirar até 24,8 mil litros por segundo. A proposta da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH), do Comitê PCJ, seria encaminhada para a ANA e para o DAEE. Mas os órgãos, antes mesmo de analisar o pedido, divulgou o documento que estipulou os limites mínimos para garantia do abastecimento urbano das duas usuárias do Cantareira.No encontro, o Consórcio PCJ, que faz parte do comitê, propôs metas de redução do consumo de água para as cidades do interior e da Grande São Paulo, como forma de poupar o Cantareira para garantir água durante a época de estiagem, que se inicia na segunda quinzena de abril. Cálculos do órgão apresentados na reunião de ontem sustentam que se a Grande São Paulo conseguir reduzir em 50% o consumo durante a estiagem, o Cantareira pode ser preservado para garantir água durante o resto do ano. Segundo os cálculos, a Sabesp necessita de 33 mil litros por segundo do Cantareira, equivalente a 50% da necessidade total da Grande São Paulo que é de aproximadamente 70 mil litros por segundo. Se atingirem uma economia de 50%, o sistema poderá ter seus níveis preservados, sustenta o órgão. Para as cidades da bacia do PCJ - 76 ao todo - a meta estipulada é de uma economia de 30% em relação aos 40 mil litros de água por segundo de demanda total dessa região. Com isso, o Cantareira não precisaria liberar mais água durante a estiagem para essas cidades.Para o órgão, se as metas de redução de consumo fossem atingidas com mais campanhas de conscientização e redução de desperdício, somada às chuvas previstas, será possível iniciar a "recuperação do Sistema Cantareira, retardando a utilização do volume morto". "Todas as medidas preventivas devem ser utilizadas para que exista um mínimo de segurança e reservas em situações de extrema calamidade", informou o consórcio, em nota. Durante o encontro, o secretário-executivo dos Comitês PCJ, Luiz Roberto Moretti, informou que simulações para a estiagem em 2014 apontam que as precipitações podem ficar até 30% da média histórica, reforçando a necessidade de uso racional da água tanto pela Sabesp como pelas cidades do PCJ neste ano. Tanto a ANA como o DAEE tomaram a decisão sobre os limites de água para uso do Cantareira em abril conforme orientação do comitê anticrise criado para gerenciar o sistema nesse período.Chuvas.O coordenador de projetos do Consórcio PCJ, José Cezar Saad, citou que além da seca atípica desse verão, o comportamento dos reservatórios do Cantareira tem dificultado a compreensão do problema. Segundo ele, apesar das chuvas registradas em março terem ficado dentro da média histórica, a redução da quantidade de água que entra dos rios nas represas foi mantida.
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