Depósito de lixo pode pôr em risco natureza de praia paradisíaca no Rio
A situação é agravada pelas características da região, que passou pelo último verão com clima bastante quente e sem chuvas, e é berçário de espécies de aves marinhas.
Letícia de Castilho Freire, que possui uma casa no município, denunciou ao UOL (com imagens que você vê nesta reportagem) que, durante a alta estação, a Praia do Sol enfrentava queimadas do lixo proveniente dos quiosques a sua volta. "Um berçário imenso de aves marinhas é ameaçado por queimadas de lixo dos barraqueiros. Em janeiro apaguei uma", contou. O UOL entrou em contato com a Prefeitura, Ibama ICMBio e ONGs locais e nenhuma delas têm conhecimento desta queimada.
A bióloga Ângela Bárbara Garda, do Instituto Chico Mendes (ICMBio), explica que, os impactos dependem das particularidades de cada evento, como intensidade e frequência, mas que esses focos de chamas provocam riscos. "Vegetação de restinga e Mata Atlântica não toleram fogo. Uma vez queimadas, necessitarão de longo prazo para recuperação até o estado anterior ao incêndio", diz.
"Se as imagens dos ovos quebrados (enviadas pela leitora) forem das espécies silvestres, o lixo e as queimadas podem estar, sim, prejudicando a reprodução dessas aves. Com isso, ocorre um desequilíbrio na população da espécie afetada ou mesmo na comunidade mais ampla", explica. A bióloga afirma que só com uma perícia é possível conhecer os reais danos.
A Secretaria de Meio Ambiente de São Pedro da Aldeia informou que pediu um levantamento para a Guarda Ambiental da cidade, mas não deu retorno à reportagem após três semanas do contato inicial.
Problema com lixo é antigo
A secretária da pasta, Adriana Saad, por sua vez, reconhece os problemas com lixo e queimadas na extensão do município, embora afirme não ter recebido notificações de focos de incêndio na Praia do Sol, especificamente. "Na Praia do Sol não observamos o berçário de aves. Os agentes ambientais estão providenciando um relatório para entendermos melhor a situação".A prefeitura esclarece ainda que, para ser resolvida a questão do lixo – que é, de fato, um problema conhecido da região --, houve uma limpeza recente e vai começar, nos próximos dias, um replantio de vegetação nativa para proteger possíveis ninhos.
"Estamos organizando para todo São Pedro, principalmente para pontos críticos como este [Praia do Sol], um programa de sensibilização ambiental. Estamos refazendo o contrato com a empresa de lixo, aguardando processo para compra de lixeiras, além de placas e folders sobre o tema", completa Saad.
Em casos como o relatado ao UOL, a secretaria orienta a procurar o órgão ou a ligar para o telefone (22) 2621-3413 e fazer a denúncia.
ONG desconhece situação
A ONG SOS Aves e Cia, que atua na preservação de aves marinhas no Estado do Rio, disse que não conhecia o problema e ligou para os bombeiros para perguntar de denúncias de queimadas. O 1º Destacamento do 18º Grupamento de Bombeiro Militar, que atende a área, relatou que foi chamado, pelo menos uma vez, para uma ocorrência de fogo próxima à Praia do Sol, mas não deu maiores detalhes.A secretária de Meio Ambiente de São Pedro da Aldeia destacou que nem sempre a corporação é chamada. "As queimadas não foram só em São Pedro, e sim e toda região. Nesta época do ano, é muito difícil não acontecer. Muitas vezes não conseguimos contar com o Corpo de Bombeiros e temos que nos virar com abafadores", disse.
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